sábado, 29 de dezembro de 2012

Na conta do Papa

Leiam a notícia antes de prosseguir. Clique nessa frase.


Algumas coisas me chamaram atenção nessa notícia.
Pra começar, o primeiro link que abri exibia fotos das cabeças decapitadas. E isso só não chama atenção de um psicopata. Mas podem ir nesse link aí de cima que não tem essas fotos.

Depois, os diversos títulos dados às vítimas: "casal de homossexuais", "casal gay", "homossexuais", "casal de transexuais".
Esse foi um dos poucos veículos que disse que morreram "duas pessoas".
Claro que o fato de serem homossexuais pode ter relevância para o motivo do crime e deve ser revelado, mas como manchete, a meu ver, o que importa é que duas pessoas morreram assassinadas de forma brutal.
Sem contar que não sei de onde um dos sites tirou a informação de que eram transexuais. Os demais relatam que um deles era travesti (o que um repórter deveria saber que é diferente) e nada diz acerca do outro.

Por fim, chamou minha atenção que alguns blogs veicularam como crime de homofobia.
Aparentemente, o crime nada tem a ver com homofobia. Duas hipóteses estão sendo investigadas: uma briga num bar ou uma vingança de uma vizinha ciumenta.
O crime de homofobia se daria se eles tivessem sido mortos por serem homossexuais.
Pode-se até deduzir a homofobia, caso o motivo tenha sido a briga de bar, pelo fato de terem sido decapitados e os corpos incinerados, mas o motivo do crime não parece ter sido esse.
Na hipótese da vingança, a brutalidade é mais comum nesses casos, independente da vítima.

De qualquer forma, foi um presente de Natal para Beto XVI.
2013 começa para ele com menos "ameaças à humanidade".

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Muito barulho por nada.

Dessa vez vou na contramão de outras ações, mas coerente com minha defesa das piadas e bom humor.
Um estudante do Ceará colocou um cartaz se propondo a resolver as virgindades das moças antes do fim do mundo.
Seguiu-se um verdadeiro manifesto das mulheres sobre seu direito ao corpo e sexualidade
Ora, a brincadeira do rapaz, ao que consta, não propunha forçar nenhuma garota a fazer sexo com ele. Também não se dirigiu a nenhuma virgem especifica, situação que causaria constrangimento a mulher e seria realmente bullying.
O rapaz tem um ponto de vista em relação à virgindade, mas diferente das manifestações em relação à negros, homossexuais, mulheres, loiras, etc., estamos falando de algo de fórum íntimo, em que ninguém precisa saber da condição do outro.
Para exercer sua virgindade, a pessoa não precisa tornar pública essa opção. E se ninguém sabe quem é ou não virgem, não vejo como as pessoas se sintam humilhadas por essa brincadeira.
Seria como alguém se sentir ofendido com brincadeiras sobre swing ou sexo anal, ou com uma opinião contrária sobre uma crítica literária. Imagine os admiradores de Paulo Coelho se sentindo ofendidos por causa das brincadeiras acerca de seus livros!
Não sejamos xiitas, por favor.
Qualquer um que ofenda qualquer pessoa ou a humilhe ou faça chacota com sua condição de virgem, merece todo o repúdio, mas uma brincadeira que não era dirigida a uma pessoa e muito menos pretendia humilhar ninguém tem que ser relevada.
É o mesmo pensamento que não admite que personagens negras não sejam bonzinhos ou que diz que as bichas não possam ser afetadas na TV.
Tudo tem limites.
A brincadeira do rapaz não nega que a mulher seja dona do seu corpo. Não pretende impor a ela uma condição diferente da escolhida. Ele discorda, implicitamente, do valor que ela atribui a essa virgindade e, dentro desse ponto de vista, jocosamente, convida que ela mude de opinião antes que o mundo se acabasse.
É uma brincadeira.
Como muitos brincaram convidando as pessoas a estourarem os cartões de crédito e fazendo dívidas. Com isso, as pessoas estavam humilhando os comedidos e bons pagadores?
Não. A brincadeira consiste em dizer "o mundo vai acabar, deixe para trás o que você valoriza". O autor reconhece que a virgindade é um valor para muitas mulheres e por isso propõe isso justamente no "fim do mundo".
Vamos sorrir um pouco mais.

A Última Trombeta

Eu não sei se o público em geral sabe o que significa ter sido criado em família evangélica, nos anos 70 e 80.
Mas quem passou por essa experiência, não tem o menor pavor de fim de mundo.
Afinal, se a pessoa não se atirou de uma ponte na adolescência, é porque superou o pânico do apocalipse, pois conhecemos todos os horrores de um fim de mundo ouvindo A ÚLTIMA TROMBETA!








quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Gemendo, morrendo e sentindo dor

3 mulheres foram assassinadas nesse fim de semana por ex-namorado, ex-marido e marido.
A Bahia ocupa o 8° lugar no ranking nacional de assassinato contra mulheres. Suponho que essa estatística se refira especificamente aos casos em que a mulher foi morta em crimes "domésticos", não incluindo assassinatos em decorrência de assaltos, acidentes de trânsito, etc.
É impressão minha ou notícias com esse tipo de crime têm surgido com mais frequência ultimamente?
Acredito não ser coincidência que isso ocorra após conquistas importantes para a mulher como a Lei Maria da Penha.
É a mesma coisa que ocorre com crimes contra homossexuais que parecem mais frequentes em época em que paradas gays ganham espaço na mídia.
Parece contraditório, mas acho que as duas razões são:
- Primeiro, a mídia começa a não achar natural esse tipo de crime e, se antes para ganhar manchetes, o homem tinha que matar a mulher, esquartejar e despachar os pedaços pelo Correio, confiando que essa encomenda nunca chegaria ao destino, hoje já há a compreensão de que o crime contra a mulher por motivos de ciúmes, decorrente de traição ou por qualquer motivo que o marido ou namorado possa achar, não é algo comum, banal ou um fato da vida. Daí a divulgação de cada caso como algo chocante e digno de ser noticiado.
- O segundo ponto é a reação daquele que se sente desconfortável com a nova situação da mulher, com seus ganhos de direito e com a nova forma do direito proteger a mulher. Esse homem que mal se acostumou ao espaço conquistado pela mulher na sociedade, cada vez menos consegue lidar com a postura dela na relação entre eles. Ele até admite que ela trabalhe fora, e quem sabe aprenda a lidar com o fato de ela ganhar mais, desde que continue a se comportar como propriedade dele.
Esse aumento nas reações desses homens é até natural e explicável. O que é anti-natural e nem se explica é ser um desses homens machista, possessivo e incapaz de ver um outro ser humano como "ser" e como "humano".

Muito dinheiro no bolso

Ok. Todo mundo está certo em reclamar da prefeitura porque não vai ter a queima de fogos na Barra. Nem vamos discutir onde, como e quando esse prefeito errou pra isso ter ocorrido.
Mas é revoltante ver empresários contanto o "prejuízo" que terão por conta disso. Nessa hora, vemos o LUCRO que esses empresários têm todo ano, sem desembolsar nada para contribuir com a festa.
Todos venderam mesas em restaurantes, festas privês e muito mais com direito a ver a queima de fogos. Pois agora, que se reunam e paguem a queima de fogos.
Quanto sairia isso dividido entre todas essas empresas? Uma ninharia.
Mas nem sob o risco de amargar prejuízos, o empresário brasileiro consegue pensar nessa possibilidade, sempre esperando que seja obrigação do poder público.
Vivemos um capitalismo capenga e iniciativa privada aqui é piada.
Em época de crise, empresas não baixam os preços sem subsídios públicos. Empresas não competem com estrangeiras, exigem que o governo as sobretaxem. Empresas patrocinam festas e shows, lucram com isso e ainda deduzem o que investiram dos impostos.
Todos estão aclamando Carlinhos Brown como Jesus Cristo do réveillon de Salvador 2012, porque resolveu fazer a festa que a prefeitura não fez. Ora, Brown certamente será patrocinado e essa festa vai render tanto para ele quanto o cachê que a prefeitura pagaria. Talvez até mais.!
O questionamento é por que isso não é feito nos outros anos. Por que o poder público tem que bancar festas que, mesmo gratuitas para o povão, rende muito dinheiro para alguns?

domingo, 16 de dezembro de 2012

E daí?

Textos e textos falando da grande vitória de Ellen Oléria no The Voice e que essa vitória seria maior pelo fato de ela ser mulher, negra e homossexual.
Sinceramente, não vejo grandes méritos nisso.
Não estou sequer insinuando que não há racismo no Brasil, nem discriminação contra mulheres ou homossexuais e, principalmente, contra a mulher, negra e homossexual (mais discriminada aí, só acrescentando a condição de nordestina).
Mas há certos meios em que há muito tempo há espaço para certas minorias, onde os talentos e aptidões das pessoas são analisados independente de cor de pele, sexo ou sexualidade.
Vanessa Jackson, igualmente mulher, igualmente negra, igualmente gorda, ganhou o Fama da, igualmente aderente da política WASP, Rede Globo.
Não há novidade nisso, nem sinais de diminuição de preconceito da Rede Globo ou de seu público por causa disso.
As mulheres continuam sendo objetos sexuais e as negras, objetos sexuais rebolantes, "com tempero", "com pimenta", "com sabor de pecado" e com todos os complementos de duplo sentido sexual com que a TV possa estimular seu público.
A grande diferença, pra mim, está na sexualidade da cantora. Veja bem, não que uma mulher gay cantando seja um grande choque no Brasil. Aqui a impressão é que se precisa garimpar na memória para se achar uma voz feminina heterossexual de talento.
Entre as finalistas do programa, aparentemente, se gritasse "pega sapatão", acho que só ficava uma, meu irmão. E apenas, acho, sem maiores subsídios para afirmar com certeza.
Mas no caso da concorrente que colocou, a cada semana, a legenda identificando sua namorada ao lado de sua mãe, há que se destacar sua coragem.
Essa atitude poderia reverter em votos contrários do público.
Mas também não acho que o público que votou em Ellen esteja assim "de mente aberta" para aceitar uma irmã, tia, vizinha, colega de trabalho, filha homossexual.
Aceitaram uma artista, mas de artista se aceita e vêm se aceitando, muita coisa. É outro tipo de gente.
Ellen, essa sim, que sabe o que é ser considerada gente de outro tipo, que deve ter sofrido, ou não, não sei, preconceito por ser mulher e negra, condições que não poderia esconder se quisesse, deu provas de que não queria, pois aquilo que muitos escondem (sem críticas, cada um sabe de si), ela resolveu revelar.
A vitória é dela, mas só dele e só pessoal. Não acho que vá haver nenhuma mudança na visão das pessoas em relação a mulheres, negras, gays, gordas, loiras, bonitas, altas, feias...

sábado, 15 de dezembro de 2012

A César o que é de César - 2

O que amar o dinheiro nunca se fartará de dinheiro; e quem amar a abundância nunca se fartará da renda; também isso é vaidade. (Eclesiastes 5:10 ARC)


Pastores evangélicos e padres católicos tiveram convulsões ante a possibilidade de se tirar a expressão "Deus Seja Louvado" das notas de real.
Quanto à onda de violência em São Paulo, nenhuma manifestação. Desvio de verbas das obras? Nada. Saúde pública que mata mais do que salva pelo descaso e falta de condições? Não é com eles.
Mas o dinheiro?! Ah! Esse, sim. Mexe com os cristãos de uma forma profunda.
O nome do deus deles deve estar nesse bem tão valioso, não importando que em meio a falcatruas, manipulação da ignorância alheia, conchavos ou espremidos entre as genitais dentro da cueca.

Deve ser porque "aquele a quem Deus ressuscitou, nenhuma corrupção viu (Atos 13:37)"

O importante é que o nome de deus no dinheiro, iniciativa do grande homem de deus José Sarney, seja mantido.
E daí que a Bíblia que eles têm como livro sagrado e dogma de fé e prática diz que o reino de deus não é desse mundo? Eles querem tudo daqui, principalmente o dinheiro.

Particularmente, não vejo motivos para o MP ter encampado essa briga. Só os pastores cumpriam a regra dita na nota, louvando a deus em cima das pilhas de dinheiro. A maioria da população não permanece com as notas tempo suficiente para conseguir ler aquelas letrinhas miúdas, isso, considerando os que sabem ler.
Mas o analfabetismo funcional da população não é problema de deus.
O deus cristão, pelo que seus representantes expõem, só se preocupa hoje em dia com: gays, aborto e ser louvado através do dinheiro.
Até mesmo preocupações antigas desse deus como sexo antes do casamento, divórcio e células tronco, tema desses líderes nos anos 80, 90 e início de 2000, saíram de moda.
Como saíram de moda também o amparo aos pobres e viúvas, a denúncia das injustiças e outras preocupações bem mais antigas, tão antigas que só estão no tal livro sagrado, mas não fazem parte dos sermões, missas ou pronunciamentos desses religiosos.

Por mim a expressão fica. Ilustra perfeitamente onde está o deus de pessoas como Sarney, Malafaia e demais bastiões da moral e religiosidade desse mundo. O deus deles está no dinheiro!

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

A César, o que é de César.


http://www.correio24horas.com.br/noticias/detalhes/detalhes-1/artigo/pms-sao-afastados-de-trabalho-externo-apos-morte-de-motociclista-que-furou-blitz/


Pera aí. Quando uma pessoa fura o bloqueio policial e desobedece a ordem de parar, a polícia deve pensar: "será que ele é evangélico e só está furando o bloqueio porque não tem habilitação? Ah! Vou deixar passar".
Concordo que a polícia deve ser melhor treinada para atirar em pneus, antes de atirar contra a pessoa, mas se uma pessoa fura um bloqueio policial, a presunção é, sim, de que é um bandido.
Não venham agora repetir exaustivamente que ele queria ser pastor, como prova de seu bom caráter.
Pessoas de bom caráter não descumprem a lei, não furam bloqueios. Se esse "evangélico", "boa pessoa", tivesse atropelado e matado alguém, hoje teríamos outro grupo de manifestantes (talvez alguns desses mesmos), exigindo justiça.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Respeito póstumo

Se alguém defender a necrofilia, sob o argumento de que os mortos, afinal, não sente mais nada, não estão mais ali, que aquilo é só um corpo e não a pessoa, seria, justamente, criticado e seus argumentos duramente refutados.
Afinal, nos repulsa a idéia de fazer com o corpo de alguém algo que ele, ex-ocupante do corpo, não tem condições de impedir, caso não concordasse. É uma ofensa à memória daquela pessoa. É fazer da sua imagem associada a algo que ele não permitira, por exemplo. Por isso que é crime.
Com o mesmo sentimento, a violação de túmulo não é punido apenas pelos danos materiais, mas pelos danos que causa à imagem daquele que já faleceu.

Então o que dizer de fazer uma missa para um falecido ateu?
Da mesma forma, é aproveitar-se de sua impossibilidade de negar o ato. É como se dissessem: "agora que você não pode responder, eu aproveito para impor a minha vontade, a minha crença, sobre a sua". É como cuspir na cara do defunto.
É um ato de arrogância e covardia.

Que PI é essa?

Salvador sempre teve um público cativo de teatro que lota salas. Pelo menos, se estivermos falando de peças com atores globais. Não importa...