terça-feira, 26 de abril de 2016

Vou bater na sua porta de noite, completamente nua

Ontem eu me diverti bastante ao descobrir que a esposa do novo Ministro do Turismo é a Milena dos Esportes, antiga candidata a vereadora de Salvador.

Lógico que a Internet deitou e rolou nos memes, piadas maliciosas e as coisas de sempre.

Hoje, no entanto, comecei a ouvir coisas como: vagabunda, falta de moral,  vergonha e "ele deveria ser demitido".

Pra começo de conversa,  o ministro do turismo, ao que eu saiba, nunca fez discursos contra a nudez, a favor da religião, etc. Então, o fato de sua mulher já ter posado nua, não o torna hipócrita, mentiroso.

Depois, até onde se sabe, ele já sabia das fotos da mulher antes de se casar com ela, e se ele não se importou, quem somos nós.

Terceiro,  as fotos que vi de Milena, por mais sexy que sejam, não é de nudez frontal. Está sempre com um biquíni minúsculo, como as filhas e esposas de muita gente que está falando mal dela usam na praia ou no clube.

O Brasil é um país que aplaude a nudez, especialmente a nudez feminina. Basta ver o louvor que se tece às rainhas das baterias, madrinhas e destaques das escolas de samba.

Não me consta que seja requisito para ser ministro que suas esposas sejam castas, pudicas, vestais... Até porque esse não é o perfil da maioria das mulheres brasileiras.

Então, o povo que não se escandaliza com a corrupção, com a roubalheira, com um presidente da Câmara que distorce as regras para ficar impune de uma acusação, agora fica de mimimi por causa da bunda da esposa do ministro.

quarta-feira, 6 de abril de 2016

Me veio inspiração

Pronto. Agora os movimentos de esquerda estão dizendo que não pode chamar a advogada louca de desequilibrada porque é tão machismo quanto chamar Dilma de desequilibrada.

Não. Não é. Não há qualquer machismo em se chamar uma mulher de desequilibrada. O machismo consiste em considerar uma atitude desequilibrada quando ela é tomada por uma mulher e uma reação normal quando é praticada por um homem.

Dilma tem aparecido em público com toda a normalidade diante dos últimos acontecimentos. Ainda que seja lá o normal de Dilma, com seus discursos que sei lá quem entende. Aliás, até melhorou nesse ponto. Collor, na época do seu impeachment, aparecia com verdadeira cara de psicopata, com os olhos esbugalhados que ia matar um. E ninguém questionava sua sanidade.

A advogada do impeachment se comportou de uma forma que muitos pastores evangélicos se comportam e, igualmente, são motivos de escárnio e taxados de insanos.

O mesmo comportamento praticado por homem ou mulher, tem o mesmo conceito da sociedade, então não é machismo ou sexismo. Pode até ser um preconceito, especialmente com quem sofre de transtornos mentais, mas machismo não é.

E não me venham as mulheres me dizerem que eu não posso falar o que é machismo ou não só porque sou homem.

Eu não sou defunto e sei o que é homicídio. O machismo não pode ser considerado só do ponto de vista da suscetibilidade de quem se sente ofendido. Da mesma forma que não pode ser desconsiderado apenas pela não intenção de quem o comete.

Para que as relações possam existir entre as pessoas é preciso termos parâmetros gerais sobre o aceitável ou não, e não apenas a posição individual de cada um, senão fica impossível se relacionar.

O que se pode, aliás se deve, é evoluir esses conceitos. Por exemplo, estupro era apenas a penetração da mulher de maneira forçada. Com o tempo, ampliamos o conceito de que essa "força"  não precisava ser só física, mas a mulher coagida psicologicamente a ter essa relação contra sua vontade é estupro. Hoje já se avançou para o conceito de que qualquer contato violento de cunho sexual contra a vontade da pessoa é estupro. E com isso, não há dúvidas de que o beijo forçado no carnaval de enquadra nessa categoria.

O que não dá é dizer que o beijo "roubado"  também seja, porque a mulher "se sentiu estuprada". O beijo roubado pode ser desrespeitoso, por não ter o consentimento, mas sem a violência (susto não é violência) não caracteriza estupro.

domingo, 3 de abril de 2016

Do barro em que você foi gerada

Lembro de uma eleição para prefeitura da cidade de Camacã, cidade próspera e moderna do interior da Bahia.

De um lado,  o candidato da situação. Político de longa data e parente do governador Paulo Souto.

De outro,  "a esposa de Dr. Rubens", médico que teve sua candidatura bloqueada por uma aliança de seu partido com o PFL,  após o prazo para desfiliação.

O argumento de ambos os lados era que quem iria governar era o marido. Assim, os adeptos de Dr. Rubens, votariam na esposa, mas muitos indecisos questionavam isso e sucumbiam à propaganda do opositor, que estava em aparente vantagem. Vantagem tão grande, que uma empresária da cidade prometeu dar para um jegue se a mulher de Dr. Rubens ganhasse.

E eis que ACM, o Velho, resolveu ir num comício em Camacã , dada a importância dessa cidade para o cenário político-econômico do país. Já estava próximo das eleições e um discurso de visita tão ilustre era considerada a pá de cal na candidatura da mulher.

Em sua fala, ACM exortava: "Dr. Rubens, não exponha sua mulher desse jeito. Não se esconda atrás da sua mulher. O nome de minha mulher é Arlete,  mas eu é que venho aqui, enquanto ela fica lá no lugar dela, cuidando da cozinha, da casa, dos filhos".

O que se seguiu, só quem estava na cidade pode descrever com clareza.
Uma passeata de mulheres, batendo panelas, bradando contra o machismo e gritando: "o povo é que quer, votar na mulher".  E, de repente, a "esposa de Dr. Rubens" virou "Débora". Trouxe o voto das mulheres e de muitos maridos de mulheres fortes. Estes, não sei se reconhecendo ou submetidos à essa força.

Foi como se aquele discurso tivesse lembrado às pessoas o que realmente significava aquela proposta política. Revelava que tipo de gente era aquela. Ia além do não investir em educação para fazer festa, ou se roubava ou não dinheiro. Mostrava como aquelas pessoas eram em suas vidas privadas.

Débora ganhou a eleição para surpresa de muitos. A cidade comemorava como em uma catarse. Trouxeram até um jegue, de gravata, para a empresária que, para decepção de muitos, não cumpriu a promessa, mas ficou conhecida por muito tempo como "Paula do Jegue", apelido que tive que evitar depois que ela se casou com um colega de trabalho.

Hoje, vendo a capa da IstoÉ, lembrei de tudo isso.

Que PI é essa?

Salvador sempre teve um público cativo de teatro que lota salas. Pelo menos, se estivermos falando de peças com atores globais. Não importa...