quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Se Ocupa, Salvador II

Trânsito modificado. Linhas de ônibus alteradas. Permissão de estacionamento ao longo da Paralela. 40 agentes de trânsito trabalhando à noite.
Isso tudo para um evento privado, onde não há palcos públicos, nem espaços "sem cordas".
Em nenhum momento foi divulgada qualquer contrapartida ao município por todo esse investimento, a não ser o famoso e vago "incremento ao turismo".
A população paga com os custos públicos (quanto custará o adicional noturno desses agentes da Transalvador, que sequer são encontrados nas demais noites do ano?) e com a perda de serviços ( alguém acredita que essas novas linhas de ônibus serão acréscimos às já existentes?). Apesar disso, o povo, que fez uma gritaria com o horário de verão, pelos riscos de sair mais cedo de casa, não se incomoda de voltar 3, 4 ou 5 horas da manhã.
E cadê a campanha no Facebook? Os descolados, artistas e moderninhos soteropolitanos não têm coragem de levantar a voz contra o evento.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Já fomos mais inteligentes

Carlos Nascimento chamou o brasileiro de idiota por ficar reproduzindo a notícia da Luiza por uma semana.
Os brasileiros que concordam com ele demonstraram isso reproduzindo o vídeo e a frase dele à exaustão. Desde a semana passada.
Até Alexandre Frota concordou.
Realmente, já fomos mais inteligentes. Na semana passada, por exemplo, pegamos um comentário inusitado em um comercial e transformamos em vídeos e frases de humor de vários tipos. Alguns muito engraçados, outros nem tanto, mas todos criativos.
Essa semana, no entanto, nos restringimos a repetir um vídeo e uma frase de um jornalista. Sem criatividade, nem humor, com pouco senso crítico. Coisa de idiota.

sábado, 14 de janeiro de 2012

Se ocupa, Salvador!

Deve estar ocorrendo nesse momento, caso não tenha sido dissipado pela polícia, um movimento pacífico, convocado pelas redes sociais, com o objetivo de protestar contra a ocupação de uma praça em Ondina para instalação do Camarote Salvador.
Pra começo de conversa, sou totalmente a favor de qualquer movimentação popular para reinvidicar o que quer que seja. A utilização de redes sociais para tal fim é apenas uma forma inteligente de se divulgar o evento.
Mas, infelizmente, parece que a noção de cidadania do brasileiro não vai muito além de um oba-oba na internet.
Muitos dos "bichos grilos", "esquerdistas", "moderninhos", "contra o capitalismo selvagem e a elitização do carnaval que ocupa os espaços públicos" que estão aderindo ao movimento da moda, estarão daqui a 32 dias pegando seus abadás dos blocos e credenciais dos camarotes.
Ora, os blocos de carnavais por acaso desfilam em espaço privado? Qual a contrapartida que eles dão para a população, especialmente a quem mora dentro do circuito, por trancafiá-la em casa, sem direito a sequer passar mal, pois não consegue ir a um hospital nem receber socorro em tempo? Se nem o básico, que é exigido de todos os brasileiros, imposto, eles pagam.
E olha que o ISS cobrado dos blocos é de 3% sobre o faturamento. (Fonte: suacidade.org).  Isso, mesmo. Enquanto o cidadão paga, por morar em Salvador, o IPTU, a taxa de iluminação pública e a taxa de lixo, o bloco carnavalesco DEVERIA pagar apenas 3% do faturamento. Digo deveria, porque quando o preferito dessa cidade ainda fingia que trabalhava, coisa que ele nem se preocupa mais em fazer, ele colocava na mídia a dívida dos blocos que se arrasta por anos. Aí o Chiclete ameaçava "não botar o bloco na rua", e o prefeito recuava, como se Bell Marques fosse capaz de abrir mão da fortuna arrecadada com a venda de abadás e publicidade, às vesperas do carnaval.
E os camarotes? Engana-se quem pensa que eles estão em locais privados e nada levam do dinheiro público. Os camarotes se beneficiam das leis de incentivo a cultura, que deveriam ser usadas tão somente para os eventos que não podem se manter com incentivos particulares. O que definitivamente não é o caso de um camarote de carnaval. Aí, os mesmos atores teatrais que circulam sorridentes pelos camarotes, desfrutando das credenciais ofertadas ou adquiridas às custas de muitas ligações para conhecidos, reclamam no resto do ano da falta de incentivo para suas produções.
Para que a população possa entender, já que há toda uma discussão contra cotas, é como se negros ricos, de famílias abastadas, usassem a maioria das cotas para negros, fazendo com que os negros pobres não tivessem acesso a esse benefício. É cultural? É negro? É. Precisa do benefício? Não. E ainda tira de quem precisa.
Ora, então qual o sentido em protestar contra um camarote e participar dos outros?
A minha questão não é se sou contra ou a favor do movimento, do camarote ou do carnaval. Mas seria preciso um pouco de coerência dos manifestantes.
Não acredito em entrar num movimento pela onda, pela moda, ou porque é "cult" se rebelar.
Acredito em mobilização pelo que se acredita e quando se está disposto a agir conforme se acredita.


domingo, 8 de janeiro de 2012

Mais novidades

Finalmente achei um aplicativo do Blogger para iPhone. Até hoje eu usava um de outra empresa. Vejamos se agora eu passo a postar com mais freqüência.

Quem digita o que quer...

A facilidade de divulgar idéias e opiniões em redes sociais, blogs e fotoblogs, sem dúvida, é uma coisa positiva. Falta agora essas pessoas aprenderem a lidar com a contestação e a divergência aos seus pensamentos.
O fato de ter um espaço para lançar seus pensamentos ao mundo, não quer dizer que as outras pessoas devam simplesmente aceitar o que quer que você escreva. Se quiser escrever, com 100% de aprovação do interlocutor, o melhor caminho ainda é o diário em papel, de preferência com cadeado.
No Facebook, um recurso engraçado que as pessoas usam pra dizer que concordam com uma frase ou situação é escrever "FATO". Só que algumas pessoas começaram a escrever "FATO" para expressar qualquer idéia sua, como que a impor aos outros aquilo como um axioma.
E ai de quem discordar dessa "FATO". Tem que ouvir que o Facebook é da pessoa e que ela se acha no direito de escrever o que quer sem ouvir opinião contrária, que quem discorda que vá escrever no seu próprio mural, etc.
Já escrevi algumas vezes sobre a liberdade de expressão (clicando aqui você verá alguns exemplos de textos sobre liberdade de expressão). Sempre digo que qualquer pessoa pode escrever o que quiser,  desde que esteja disposta a assumir as consequências disso, sendo que a mais simples delas é ouvir uma opinião contrária.
Um ditado diz que temos uma boca e dois ouvidos para saber que é mais importante ouvir do que falar. No caso da internet, considerando duas mãos e dois olhos, essas coisas estão empatadas.
E não adianta usar o recurso de que "eu sou responsável pelo que escrevo, não pelo que você entende". Não é assim que funciona na comunicação. O interlocutor (no meu tempo de escola eram chamados de "emissor" e "receptor") é responsável que a mensagem chegue de forma clara ao outro interlocutor. É isso que faz um russo tentar falar em português no Brasil, que faz com que um advogado não chame um juiz de "mermão", ou que um passageiro não se dirija ao cobrador dizendo: "por obséquio, cavalheiro, gostaria de efetuar o crédito necessário para o meu deslocamento por meio desse veículo público com uma cédula de R$ 50,00 e gostaria de saber se o senhor tem o aporte necessário para me devolver o execesso?"
Adequamos a linguagem ao meio, às pessoas, ao objetivo, simplesmente porque somos, sim, responsáveis pela compreensão dela.
Claro que você pode sempre selecionar quem lê e quem não lê seus comentários e tem o direito de não ler as coisas de quem não lhe agrada. As ferramentas para isso estão disponíveis. Você pode também, por uma questão de paz de espírito, ignorar alguma discussão. Mas não pode negar o direito do outro de inciá-la.
No meu blog, até hoje, só apaguei um comentário porque era de uma agressividade gratuita e não era mera opinião sobre a discussão. E se não fosse a nova onda do Brasil de responsabilizar os autores de blogs até pelos comentários que lá são publicados, eu nem colocaria moderação.
Dizer que sua opinião é "fato" e não aceitar contestação é um grave indício de que você tem algum complexo messiânico, que se acha dono da verdade absoluta e que está sempre certo.
Dizer que não é responsável pelo que o outro entende é como soltar um peido no elevador e dizer que é responsável pelo que emite e não pelo que o outro respira.

sábado, 7 de janeiro de 2012

Mais uma da Gol

Por causa dos eventos ocorridos em 2007 (link aqui), eu evito comprar passagens da GOL. Nem adianta me acenarem com aquelas promoções, que eu não perco minhas noites de fim-de-semana apertando F5 no computador, na esperança de conseguir uma passagem aérea numa companhia com tanto desrespeito ao passageiro.
Mas a viagem para Buenos Aires foi por agência de viagem e, quando vimos, a passagem já tinha sido tirada pela GOL.
Saimos de Salvador e, no Rio, tinhamos que descer e fazer outro check-in, às 6 da manhã.
A funcionária da Gol exigiu que Beto tirasse os óculos escuros (conheci cerarenses na Argentina que viajaram pela Gol e afirmaram que permaneceram de óculos escuros em todo o trajeto, sem problemas).
Beto tirou e a moça estranhou que seus olhos estivessem irritados. Ele falou que tinha conjuntivite alérgica.
A moça disse que teria que passar pelo posto médico. Até aí, tudo bem, ela não tem que acreditar em nossa palavra de que a conjuntivite não é infecciosa, apesar de esse ser apenas um dos três tipos de conjuntivite e o único que é transmissível (veja mais sobre conjuntivite).
Uma outra moça nos levou a um posto, onde um médico mal olhou pra Beto e disse que não era oftalmologista, nem tinha aparelhagem para exame, mas que "evidentemente ele estava com conjuntivite" e por isso não embarcaria. Beto explicou que era alérgica, até mostrou o remédioq ue usa e o médico disse que ele não embarcaria.
Pedimos então, um laudo e o médico disse que não daria, pois não era oftalmologista.
Pedimos então que a Gol nos desse por escrito que estávamos impedidos de embarcar e a Gol disse que não daria nada, que já havia acabado por ali e que nós poderíamos ir embora.
Em nenhum momento questionamos que as empresas devam adotar medidas de segurança, mas se eles impedem um embarque de um passageiro tem que justificar e isso não pode ser de boca. Caso contrário, seria apenas um caso de "no-show", ous eja, seria como se nós não tivéssemos comparecido ao embarque.
Diante da recusa, para fazer prova do que estava acontecendo, filmei o médico que, nervoso, dizia no saguão à vista de várias pessoas, que Beto tinha conjuntivite e por isso não iria embarcar. E que se tentasse, ele informaria ao piloto de que não poderia.
Um funcionário do posto chamou um segurança para que tomasse meu iPhone por estar filmado.
Aí, entrei na briga. É ruim de alguém tomar meu iPhone!
Eu disse que estava num local de acesso público e estava filmando, sim, se o médico não gostasse do que eu fizesse com as imagens, ele que me processasse!
O segurança não chegou perto de mim, felizmente. ALiás, o segurança tentava controlar a situação dentro das suas atribuições. Ele foi chamado lá e foi cumprindo o dever. Nada tenho contra seu trabalho.
Depois de muito gritarmos, ameaçarmos, já tinha vindo um gerente da Gol até lá, o médico resolveu fazer o laudo por escrito. Depois de pronto, pedimos o laudo e o funcionário do posto disse que pertencia ao posto. Beto se identificou como dentista e disse que o laudo pertence ao paciente e que não sairtia dali sem o laudo.
Eu ainda argumentei com o médico de que o olho de Beto já tinha voltadoi ao normal e questionei se uma conjutivite viral ou bacteriana passava assim em minutos? Que era a prova de que era uma irritação alérgica!
Alguém do aeroporto interviu e tirou uma xerox do tal laudo, não sem antes pegar todos os documentos e exigir um monte de assinatura.
Perguntamos ao gerente da Gol como ficaríamoa e ele disse que a empresa não teria nada a fazer que deveríamos ir embora.
Eu perguntei porque que eu tinha sido levado ali, e ele disse que se eu quisesse poderia mebarcar, mas que corresse porque o voo já estava saindo.
Sem nem saber como voltar ao terminal, corremos para o embarque internacional. A Gol, ao menos, mandou alguém que nos acompanhasse. Tentava tirar os documentos de Beto e a chave de casa, que estavam todos na mesma mochila, e na confusão, ele ficou sem qualquer dinheiro.
Embarquei sem saber o que aconteceria.
Depois eu soube que ele tentou registar uma queixa na ANAC, mas essa se recusou. Ele foi no Juizado e lá o absurdo maior aconteceu: o funcionário disse que era uma causa perdida e que não iria registrar. Beto insistiu e o funcionário dizia que se ele perdesse, pagaria as custas. Ele disse que pagaria. Aì o funcionário chamou o gerente da Gol até lá e perguntou a ele se deveria registrar. Diante da negativa do gerente, ele não registrou nada.
A Gol se ofereceu para embarca Beto de volta a Salvador NUM ÔNIBUS, em pleno dia 30/12!
Felizmente, ele estava com um cartão do banco e comprou uma passagem na TAM.
Vivemos num país de merda, onde achamos que temos direitos e justiças, onde falamos das ditaturas de esquerda, mas na verdade aqui as leis e diretos não valem nada. Como provar que estivemos no check-in, se a Gol não registrou nada, se a Anac também se recusou e se o funcionário do juizado consultou a uma empresa privada sobre como proceder.
A situação que mais me constrange é contar essa história e ver nos olhos das pessoas a expressão de que "alguma coisa está mal contada", que "uma coisa assim não é possível", que "deve ter algo que não foi dito ou mal-entendido".
Sei que uma leitora desse blog, vai saber bem o que é essa sensação, pois já passou por algo semelhante. 
A propósito, passagens com detsino a Argentina por empresas estrangeiras como a Pluna são mais baratas do que a Gol.
No mais, só me resta prestar mais uma homenagem a Gol, a seus funcionários, agora extensiva ao médico e atendente do posto da Infraero, ao funcionário da Anac e ao funcionário do juizado.




Se a homenagem não abrir, clique nesse link: http://youtu.be/_mm04uhJOXw

Que PI é essa?

Salvador sempre teve um público cativo de teatro que lota salas. Pelo menos, se estivermos falando de peças com atores globais. Não importa...