Acabei de ler um
texto raso, dizendo que escravidão não é apenas de brancos contra
negros e que muitos povos na história foram escravizados em guerras.
Ninguém discute
isso. Mas há particularidades na escravidão de pessoas da África
pelos europeus que só um racista incontido deseja negar.
Em primeiro lugar,
não havia nenhuma guerra entre os países europeus e países
africanos. Portugal não estava invadindo o continente africano.
Apenas comprando pessoas de lá.
Esse modelo de
escravização de pessoas de países subjugados em guerra já estava
em declínio na Europa. Em casos de guerras, anexava-se o local ao
domínio do vencedor e as pessoas passavam a servir ao rei como os
demais já serviam.
Nos outros modelos
de escravização, os escravos tinham certos direitos. Eram pessoas
escravizadas. Com menos direitos por serem de outros povos ou
inimigos, mas pessoas. Os africanos foram tratados como coisas ou
animais, de forma sem precedente. Só comparado, não à toa, ao
tratamento que os nazistas davam aos judeus. Vê-se nesse
comportamento uma ideia de supremacia de uma raça sobre a outra.
Em outros modelos de
escravização, os opressores tentam imprimir sua religião aos
vencidos. Na escravidão contra os povos da África, houve um período
em que a religião chegou a dizer que eles não possuíam alma.
Independente de ter
existido outras formas de escravidão, a verdade é que, não sendo
por questões étnicas, ao fim desse período a tendência é que não
se tenha na sociedade nenhuma diferença de tratamento entre os
descendentes naquela população. No caso de um escravismo por etnia,
os descendentes daquela etnia continuam sendo discriminados.
Essa semana vi um
vídeo em que uma mulher pergunta a uma plateia de brancos: “Quantos
aqui gostariam de ser tratados como a nossa sociedade trata os
negros?”
Quando um branco
responder afirmativamente a essa pergunta, ele pode entrar na
discussão sobre os rumos que os movimentos em defesa dos direitos do
negro devem tomar.