sábado, 19 de outubro de 2013

Que seja do jeito que for

Acabo de iniciar uma discussão com Walcyr Carrasco por causa da decisão em cortar o cabelo do órfão da novela. 
Mandei para Walcyr um vídeo da música Respeitem Meus Cabelos, Brancos e disse que ele atendeu à audiência racista. 
Walcyr respondeu que iria tirar o menino de vez da novela. 
Pra mim, respondeu como o menino dono da bola que ameaça se retirar do jogo quando lhe marcam a falta. 
Walcyr é, de fato, o dono da novela. Isso ninguém discute. 
Em nenhum momento pensei em dizer como ele deve escrever sua obra. Normalmente faço críticas no meu Facebook, já ouvi pessoas dizendo que foram conferir a novela por causa do que escrevo, mas nunca sequer cogitei dizer ao autor como ele deve fazer seu trabalho. Se eu soubesse escrever essa novela melhor do que ele, seria meu o nome lá é não o dele. A mim, cabe assistir, gostar ou não do que ali é exibido e comentar. 
De vez em quando, falo em inverosimilhanças, mas sempre lembrando que se trata de uma obra de ficção. Assim, só posso exigir coerência dentro da própria realidade criada e não com o mundo real. 
Também nunca exigi obrigações de bandeiras, nem de politicamente correto. Quem acompanha sabe que eu defendo que um autor possa criar uma personagem racista, possa criar um patrão cruel, um praticante de bullying e nem por isso, o autor estará defendendo essas práticas. Ele apenas precisa dessa  personagem para contar a sua história. 
No caso do cabelo do garoto, imaginem se os país adotivos não quisessem o cabelo e cortassem. Poderíamos discutir a atitude de quem sofre de preconceito ter outro, poderíamos achar natural, apenas uma mudança no visual, sem a questão étnica. Mas não foi isso que aconteceu. O que O Globo e demais sites noticiaram foi que Walcyr disse que estava mudando o visual do menino, porque recebeu críticas e quer que ele "seja bem aceito". 
Se não ser bem aceito por causa da aparência não é preconceito, o que é?
Se o "problema" com essa aparência é um cabelo afro, como não chamar isso de racismo?
E não disse, em nenhum momento, que Walcyr foi racista, mas que quis atenre a um público racista. Se Walcyr percebeu racismo nessa atitude desse público ou não, eu não tenho como saber. 
Se dessa vez me meti a falar com o autor, e não apenas comentar no Facebook, como sempre faço, é porque não estou discutindo algo da obra, onde ele tem toda liberdade de agir, mas estou falando de um comportamento social, cuja motivação nada teve a ver com o enredo da novela. 

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