segunda-feira, 1 de abril de 2013

A fala te traiu

A princípio, pode parecer que a melhor coisa a fazer diante de um pronunciamento estúpido é ignorar.
Não é tão simples assim. Palavras estúpidas costumam encontrar abrigos em cabeças ocas. E, infelizmente, bom senso não é pré-requisito para ser eleitor. Muito menos para o candidato. E se este só ouve as idéias dos cabeças ocas, ele passará a agir daquela forma para garantir os votos. É preciso que os contrários se manifestem para que os que pretendem representar a população tome conhecimento de que há posicionamento (e potenciais votos) em sentido contrário também.
Mas combater o estúpido não é tarefa fácil como podem pensar alguns. Um grande risco é responder no mesmo nível dele, tomando seus argumentos como se válidos fossem, ou usando os seus próprios valores.

É o que vejo no caso das asneiras ditas por Joelma.
Muitos contra-argumentam desqualificando Joelma como artista. Bobagem. Ser cantora brega não torna ninguém preconceituoso. Joelma não caiu de paraquedas no cenário musical brasileiro. Ela tem uma carreira há anos. Um ritmo de que não gosto, mas tem um monte de gente que gosta. E as besteiras que ela falou eu não admitiria nem que tivessem sido proferidas por Maria Callas. A gravidade de suas palavras não provém de ser ou não qualificada para falar sobre o assunto, mas do acesso à mídia e alcance que elas podem ter. E isso Joelma tem.

Depois reclamaram que Joelma comparou gays a drogados e Joelma e até a banda Calypso disseram que não. Bobagem. Comparou. Mas comparou em um determinado aspecto. Comparou a "reversão" do homossexual à recuperação do drogado.
O problema não está em comparar gays com drogados. O problema é comparar a sexualidade a um vício. É supor que é algo passível de recuperação. A comparação seria igualmente falha se comparasse à difícil recuperação de um velhinho viciado em bingo.
A revolta com a fala, em alguns casos, deixa revelar o quanto se acha pejorativo o termo "drogado", mais do que o despropósito de comparar situações que são distintas.

Responder agredindo o interlocutor ou rejeitando comparações por se achar melhor do que o comparado, e não pela inadequação da comparação, é tanta tolice quanto as que foram ditas.

Por fim, como diz um provérbio hebreu:
"Não respondas ao tolo segundo a sua estultícia, para que também te não faças semelhante a ele. (Provérbios 26:4 ARC)"

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