domingo, 8 de janeiro de 2012

Quem digita o que quer...

A facilidade de divulgar idéias e opiniões em redes sociais, blogs e fotoblogs, sem dúvida, é uma coisa positiva. Falta agora essas pessoas aprenderem a lidar com a contestação e a divergência aos seus pensamentos.
O fato de ter um espaço para lançar seus pensamentos ao mundo, não quer dizer que as outras pessoas devam simplesmente aceitar o que quer que você escreva. Se quiser escrever, com 100% de aprovação do interlocutor, o melhor caminho ainda é o diário em papel, de preferência com cadeado.
No Facebook, um recurso engraçado que as pessoas usam pra dizer que concordam com uma frase ou situação é escrever "FATO". Só que algumas pessoas começaram a escrever "FATO" para expressar qualquer idéia sua, como que a impor aos outros aquilo como um axioma.
E ai de quem discordar dessa "FATO". Tem que ouvir que o Facebook é da pessoa e que ela se acha no direito de escrever o que quer sem ouvir opinião contrária, que quem discorda que vá escrever no seu próprio mural, etc.
Já escrevi algumas vezes sobre a liberdade de expressão (clicando aqui você verá alguns exemplos de textos sobre liberdade de expressão). Sempre digo que qualquer pessoa pode escrever o que quiser,  desde que esteja disposta a assumir as consequências disso, sendo que a mais simples delas é ouvir uma opinião contrária.
Um ditado diz que temos uma boca e dois ouvidos para saber que é mais importante ouvir do que falar. No caso da internet, considerando duas mãos e dois olhos, essas coisas estão empatadas.
E não adianta usar o recurso de que "eu sou responsável pelo que escrevo, não pelo que você entende". Não é assim que funciona na comunicação. O interlocutor (no meu tempo de escola eram chamados de "emissor" e "receptor") é responsável que a mensagem chegue de forma clara ao outro interlocutor. É isso que faz um russo tentar falar em português no Brasil, que faz com que um advogado não chame um juiz de "mermão", ou que um passageiro não se dirija ao cobrador dizendo: "por obséquio, cavalheiro, gostaria de efetuar o crédito necessário para o meu deslocamento por meio desse veículo público com uma cédula de R$ 50,00 e gostaria de saber se o senhor tem o aporte necessário para me devolver o execesso?"
Adequamos a linguagem ao meio, às pessoas, ao objetivo, simplesmente porque somos, sim, responsáveis pela compreensão dela.
Claro que você pode sempre selecionar quem lê e quem não lê seus comentários e tem o direito de não ler as coisas de quem não lhe agrada. As ferramentas para isso estão disponíveis. Você pode também, por uma questão de paz de espírito, ignorar alguma discussão. Mas não pode negar o direito do outro de inciá-la.
No meu blog, até hoje, só apaguei um comentário porque era de uma agressividade gratuita e não era mera opinião sobre a discussão. E se não fosse a nova onda do Brasil de responsabilizar os autores de blogs até pelos comentários que lá são publicados, eu nem colocaria moderação.
Dizer que sua opinião é "fato" e não aceitar contestação é um grave indício de que você tem algum complexo messiânico, que se acha dono da verdade absoluta e que está sempre certo.
Dizer que não é responsável pelo que o outro entende é como soltar um peido no elevador e dizer que é responsável pelo que emite e não pelo que o outro respira.

2 comentários:

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Que PI é essa?

Salvador sempre teve um público cativo de teatro que lota salas. Pelo menos, se estivermos falando de peças com atores globais. Não importa...