"Atenção, senhores usuários do Ferry-boat. Próxima saída ao ferry, horário das 11:20. Ao ferry Agenor Gordilho".
O locutor da TWB não apenas desconhece nossa gramática. É pior. Ele pensa que conhece. Ele não fala como os ignorantes usuários do sistema que dizem "saída do ferry". Assim é como falam os vizinhos dele, os colegas de trabalho, a família.
Ele é diferente. Ao menos, quer ser. E ser diferente significa falar como os "doutores" e ele já viu doutor falando "ao". Então "ao" é chique, é inteligente.
E nosso herói passa a usar "ao" quando acha conveniente. Isso, certamente, vai impressionar os usuários, vai humilhar os colegas e vai demonstrar ao chefe que ele merece ser promovido. E quer saber mais? Ele viu os doutores usando "literalmente". A partir de agora, toda vez que tiver oportunidade, ele usa "literalmente". E quando escrever, já sabe, tem um "a" sozinho, tasca uma crase. É culto.
Esse é o retrato de uma mediocridade que despreza tanto a si mesmo, que rejeita tanto os seus, que cai no ridículo de expor sua ignorância tentando parecer culto. O povo que rejeita o Tiririca e renova as oportunidades para Collor.
"O Brasil é feito por nós".
-Via iPhone
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