quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

E vamos nós, aterrar.



Antes de escrever qualquer coisa sobre o reveillon em Fortaleza, tenho que escrever sobre o incidente da volta. Os amigos do Facebook já sabem, mas aqui vai um relato mais completo.
Nos últimos dias em Fortaleza fiquei com uma espécie de alergia. Por conta própria (atenção, crianças: não façam isso em casa!) tomeu um comprimido de Allegra que Beto estava usando. Continuei com o problema e com dor de cabeça. Pensei que talvez não fosse alergia, mas um princípio de gripe. Como tenho sinusite, sei que tenho que me livrar da secreção o mais rápido possível. Nesses casos, eu costumava usar um spray nasal que a otorrina me passou, mas procurei ler a bula (na internet tem bula de todos os remédios) e vi que não seria aconselhável utilizar, pois faço uso de outro medicamento (para pressão).
Na verdade a bula diz que os descongestionantes em spray "podem interagir com outros medicamentos". Na hora pensei que essa não seria a melhor forma de dizer que não se deve usar o spray se você toma outro remédio. "Pode interagir" dá a ideia de que não há problema nenhum. Eles podem interagir, ficam amigos numa boa, sem problemas. Se o leigo lê que um remédio "pode" interagir com outro, ele toma os dois, porque "pode". A bula deveria dizer "não pode interagir com outros, senão dá merda". De qualquer forma, interpretei o aviso da forma correta e não comprei o descongestionante nasal. Em vez disso, comprei um paracetamol.
Na véspera da viagem dormi muito mal. Em parte por causa do nariz, em parte por causa da chuva que desabou em Fortaleza, com muita trovoada. Acordei às 4h e me arrumei para irmos ao aeroporto. Fizemos o chek-in. Tomei um chocolate com pão e tomei meu remédio pra pressão.
O voo estava atrasado, mas isso era previsível por causa do tempo. Chegamos mesmo a pensar que seria pior.
Ao entrar no avião, sentia a cabeça pesada, mas achei que era o sono, dormir no meio da decolagem e acordei com o serviço de bordo. Pedi uma água.
Depois disso, dormi mais um pouco. Acordei com um mal estar. Me sentia estranho. Ouvi o piloto anunciar que "dentro de instantes" chegaríamos ao aeroporto de Salvador. Sei que entre esse aviso e a aterrissagem ainda dmeora um tempo e o mal estar persisitia. Beto perguntou o que eu tinha e eu disse que estava enjoado. Ele me deu o saco de vômito. Eu disse que iria ao banheiro.
Levantei, andei pelo corredor. Estava na altura da primeira poltrona quando...
Ouvi a voz de Beto me chamando. Achei estranho. Sentia uma ardência na boca e abri o olho. Uma sensação de sono. Estava deitado. Estava em casa? Não. Tinha mais gente lá olhando pra mim. Eu estava deitado no corredor do avião.
Beto disse: "Você desmaiou". Anotem aí. É muito importante dizer pra uma pessoa que desmaiou que ela desmaiou. A gente não tem a menor noção do ocorrido e fica confuso. Ouvi a comissária perguntar se havia algum médico a bordo. Não só havia, como era um cardiologista. Tirou minha pressão. Disse que estava muito baixa. Disse também que eu não poderia ser levantado. A dor que eu sentia foi da boca partida. Disseram que sangrava mas não percebi nada. Devo ter batido quando caia.
As comissárias ficaram com um pepino. De um lado o médico disse que eu não poderia ficar sentado, de outro a aterrissagem deitado no chão não só era desaconselhável, como, segundo disseram, aquele local era o mais perigoso.
A palavra final estava com a comissária chefe. Ela decidiu que eu deveria ficar atravessado na porta de saída e não no corredor. Tentei levantar para mudar de posição e o mundo rodou. Fiquei atravessado. As comissárias tiraram as cortinas do avião para fazer uma proteção pra minha cabeça. Me colocaram numa posição lá. Mandaram todos se sentar, menos uma comissária que ficaria conversando comigo até o momento em que ela mesma tivesse que sair. Uma das comissárias sentou e prendeu minhas pernas entre as suas. Mesmo quando saiu de perto de mim, a outra comissária conversava comigo: "Esse barulho é o trem de pouso baixando. Não se assuste. Já estamos chegando. Agora você vai ouvir um tranco".
Pousamos e fui retirado numa cadeira de rodas. Fiquei no posto de saúde da Infraero até que tudo se normalizasse.
Não sei o nome do cardiologista que me atendeu no ar, nem os nomes das comissárias do voo 3859 da TAM, mas sou grato a eles.
Já marquei consulta com meu cardiologista e vou perguntar a ele como a pressão do hipertenso aqui pode ter caído tanto. Eu sei que diabéticos às vezes sofrem de hipoglicemia, mas nunca ninguém me disse que minha pressão poderia cair tanto. Procurei referências com o paracetamol, mas lá só fala em hipotensão em casos de superdosagem, o que não ocorreu.
De qualquer forma, por enquanto, estou sem poder beijar, graças ao inchaço da boca, por isso, tenham paciências.

3 comentários:

  1. BABADO hein? Menino, tou bestificada... Tu nunca imaginou que um voo Fortaleza/ Salvador fosse tão animado... Ei tou fazendo um cruso de primeiros socorros. Pode desmaiar da próxima vez perto de mim, que eu já sei o que fazer.

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  2. Ja desmaiei dezenas de vezes. Gravida, desmaiei no meio da avenida mais movimentada de Itabuna, ao pegar o orelhão para ligar pro marido, acordei dentro de um taxi, com pessoas desconhecidas me levando pra casa, após terem pegado o fone quando desmaiei. Nunca consegui um diagnostico, ja que os desmaios são desde criancinha. Tomara que cheguem ao seu..mas foi babado mesmo, viu?..:P

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  3. ..sim..mas..e o Reveilon em Fortaleza?..hehehe..voce esqueceu de escrever ou ainda vai escrever em outro textículo?..;-)

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