domingo, 2 de janeiro de 2011

AguENTA

Essa postagem começou a ser escrita em 29/09/2010. Resolvi não terminar, nem publicar no dia, porque revelava coisas que à época eu ainda precisava dizer diretamente a algumas pessoas antes de publicar no blog. Agora resolvi terminar e publicar. 

Acabo de acordar com 40 anos. Fui até o espelho e a sensação é pura decepção. Não pelo fato de ter 40 anos, mas pela total falta de mudança entre o ontem e o hoje.
As desvantagens de ser um quarentão, como ficar gordo, hipertenso, ser chamado de tio, eu já senti há uns anos. As vantagens (ficar charmoso, mais sábio, ser respeitado como alguém mais velho) não chegaram até hoje. E olha que eu procurei tudo isso no espelho e só achei os mesmos fios brancos e sinais senis de ontem.
Na área da saúde fui ver quais os exames necessários para um homem de 40 anos. Descobri que estou atrasado nuns dois da faixa dos 30, mas já fiz uns dos 40 e até um que é para a faixa dos 50 anos. 
A tal "idade do lobo", numa clara alusão a quem corre atrás da Chapeuzinho, come a Vovó e é derrotado pelos jovens caçadores, não me parece nada interessante, mas tampouco ameaçadora.
Tive durante esse ano, é bem verdade, alguns questionamentos sobre a chegada da idade. O stress normal, que sempre tive, veio acompanhado de questionamentos sobre competências, merecimentos, sucessos e fracassos e sempre relacionado ao fato de não ser mais jovem.
Mas nada angustiante. Tenho claro a consciência de que se não tivesse vivido tanto, não teria passado por tudo, conhecido tantos amigos, chegado em tantos lugares. Por outro lado, é inevitável a sensação de perda, o arrependimento do que não se fez e o desejo de mais.
Não dá pra esconder, pelo menos de mim mesmo, o medo por ter perdido nestes últimos anos, alguns colegas e amigos da minha faixa etária. Ainda que nem todos por problemas de saúde, pois alguns foram vítimas da violência, a constatação é a mesma: a vida de algumas pessoas acabam por volta dos 40 anos. E o que é que se faz com os planos? Com aquilo que deixamos para depois?
Esse aspecto, bem mais que o físico, me preocupa agora. Repenso minha vida e vejo que deixo de fazer muita coisa agora em prol de construir algo pra depois. Na verdade, inconscientemente, reproduzo um padrão de comprtamento que deve estar nos nossos genes. Projetamos um futuro, já que procuramos nos perpetuar através dos nossos descendentes. Mas eu não tenho descendentes. Nem mesmo meus sobrinhos, que possuem 25% dos meus genes cada um, despertam em mim esse sentimento. E olha que, segundo estudos científicos, dois sobrinhos seriam o equivalente a um filho na nossa luta pela preservação dos genes!
Também não penso em adotar filhos. Não por falta de afeto pelas crianças, como alguns possam pensar, mas por pura incompetência de dar orientação a seres em formação. Acredito ter recebido uma boa educação de minha mãe, mas não tenho e competência dela para passar isso adiante, principalmente, porque muito do que me foi ensinado não foi verbalizado, mas demonstrado em sua luta diária. Aprendi muito observando-a, e algumas vez relembro como ela agiu em determinada situação. Mais ou menos como o astro da série Joe, o Fugitivo.
Assim, parei pra pensar, pra quem estou preparando um futuro? Por que estou deixando para fazer as coisas quando minha vida estiver mais calma, mais tranquila, mas estável, mas arrumada?
Percebi que o momento é de viver minha vida agora. Fazendo o que gosto e quero. Não faz sentido ficar como uma formiga que estoca muito mais folhas do que pode consumir em todos os invernos de sua vida. Até porque, tudo pode se acabr nesse verão.

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