sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Marcas do que se foi?

Podem me chamar de agourento, mas costumo seguir minhas cismas no que diz respeito a minha segurança.
Quando nos sentamos na praia para esperar a queima de fogos no Morro de Sao Paulo, eu achei que a balsa dos fogos estava muito proxima da praia. Ponderei com Beto que se algum morteiro falhasse, poderia atingir as pessoas. Fomos então bem para trás.
Durante a queima, ainda fiquei apreensivo, pois os fogos estouravam bem sobre nossas cabeças. Muito próximo pro meu gosto.
Mas os fogos pararam e nada de mal aconteceu. Fomos ao mar jogar as rosas que D. Maria, dona da Pousada Caracol, tinha providenciado pros hospedes. Muitos entraram no mar.
Quando estávamos caminhando pela praia, um susto. Nova queima de fogos. Achei um absurdo aquele intervalo, pois muitas pessoas estavam perto da barca achando que tinha acabado.
De repente, o que eu temia aconteceu. Um morteiro partiu na horizontal em direção à praia atravessando a multidão. Uma pausa. Depois o estrondo.
Não demorou muito para sabermos do resultado: um rapaz queimado, uma moça com o braço quebrado e um outro com fratura exposta na perna.
No outro dia de manhã, uma notícia pior, um acidente do mesmo tipo, em proporções maiores, em Salinas das Margaridas.
Eu disse acidente? Não. Irresponsabilidade, descasso, incompetência!
Empresas de fundo de quintal contratadas por prefeitos que estão mais preocupados em fazer festa pra angariar votos do que fazer um edital de licitação com exigencias de segurança.
Ora, se eu que sou leigo, acho que está errado uma balsa naquela proximidade, como os responsáveis pelo serviço não conseguem ver isso?
O desdobramento foi ainda pior: as vitimas foram levadas para outros municípios porque não tinha atendimento adequados nos locais das tragédias.
Isso porque é prática comum nos municípios do interior da Bahia desviar o repasse da verba da saúde que recebe do Governo Federal para outros fins no município ou particulares, limitando o investimento na área com compra de ambulância.
Assim o único serviço de saúde que o município presta é o transporte dos enfermos para municípios próximos que investem nessa área, ou para Salvador.
Mas por que ele não faria isso? Se ele contrata o Harmonia do Samba para a festa da cidade, o Calypso para o Sao João e outros que tais, terá votos garantidos e mais quatro anos para se apoderar do dinheiro público.
E por mais que morra gente, enquanto o voto for obrigatório nesse país, eleitor não vai faltar.




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