sábado, 12 de dezembro de 2009

Paciência já não tenho

"Pense num absurdo, na Bahia há precedente". A frase de Otavio Mangabeira, que pra uns revela um traço de originalidade do nosso povo, pra mim se traduz por vezes em um conformismo que nada tem de característico do povo que consolidou a independência desse país.
Vim almoçar no Armazem do Sabor e subi pro mezanino onde servem comida japonesa. Vi que um dos sushi men estava almoçando, mas passei pelas atendentes e pelo outro sushi man e sentei.
Espera que espera, forma de expressão em desuso mas que eu gosto, nada de alguém aparecer.
No estabelecimento só eu, na mesa, e Ivete, no DVD.
Quanto já estava desistindo, uma moça aparece. Meu coração e meu estômago se encheram de esperanças.
- Tem alguém atendendo o senhor?
- Não - respondi já me preparando pra ser atendido.
Ela se debruçou na amurada e gritou pra mandarem alguém pra atender um cliente.
Eu queria perguntar se ela não já era alguém. Pra mim tava bom, mesmo que não fosse.
Ela me disse que alguém viria. E saiu.
Alguém veio. E me pediu pra voltar em dez minutos porque ele estava almoçando!!!!!!!!
Provavelmente os dois funcionários queriam almoçar juntos, conversar um pouco no horário de almoço, e não ia ser um cliente querendo almoçar que iria atrapalhar isso. Para ele era razoável que eu adiasse o meu almoço em dez minutos. Talvez o fato de ser assíduo e já ser reconhecido pelos empregados tenha dado um falso sinal de intimidade a ponto do cara me propor isso. Não quero crer que ele faça isso com todos os clientes. De qualquer forma vai durar um bom tempo até que eu pise os pés no Armazem do Sabor de novo.
Sai e vim pro Beach Stop.
Por enquanto o atendimento está dentro dos conformes, mas não posso deixar de comentar a seguinta placa:



Como assim?!
Imagino um casal de namorados que saia para almoçar. Eles estão namorando e vem ao Beach Stop. Terão que terminar o namoro antes de realizar o pedido?
Ou será que a restaurante proíbe só atos que demonstram a relação de namoro? E quais seriam esses? Basta um acariciar de mãos ou estamos falando de sexo em cima da mesa?
E se eles deixassem de eufemismo e dissessem: proibido bolinar.
Talvez tenham receio de dizer: proibido beijar na boca. Pois poderia gerar protestos, já que beijar na boca não pode mais ser considerado um atentado ao pudor.
Por fim, se a proibição não é de um ato proibido por lei, por que o restaurante se incomoda com o namoro das pessoas? Provavelmente outros clientes é que se incomodam. Mas se for assim, por que o restaurante prefere atender esses e não aos que são felizes? Sim porque que não namora não é infeliz, mas quem se incomoda com o namoro alheio é.
A preocupação do restaurante com uma parcela da clientela em detrimento de outra é simples: moralista e fiscais da vida alheia costumam ser eficazes nos boicotes. Eles deixam de ir aos locais que não se adequam aos seus valores.
Aos outros, só lhes resta se adequar às normas, caso não se apropriem das mesmas armas e decidam ir namorar em outro lugar, onde irão, com seu dinheiro de amsntes, enriquecer outro restaurante em dobro (ou triplo. Os namoros de hoje...)
Pra quem não namora, só resta o destino denunciado na música de Fatima Guedes (Google pra saber qual é):
"Se tu não peca, meu bem
Cai a peteca, neném
Vira polícia da xereca da vizinha".

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