domingo, 2 de agosto de 2009

Andar com fé eu vou que a fé não costuma...

Pai é condenado por rezar em vez de levar filha doente ao médico.

Um júri no Estado americano de Wisconsin condenou um homem pela morte da filha doente de 11 anos, por ter rezado por sua cura em vez de buscar ajuda médica.

A menina, Madelaine, morreu em março do ano passado, vítima de diabetes, em sua casa na zona rural de Wisconsin, cercada de pessoas que rezavam por sua recuperação.

No julgamento, neste sábado, o pai, Dale Neumann, 47 anos, disse que acreditava que Deus poderia curar sua filha.

Vamos ignorar o que achamos sobre a crença do pai e sobre o que pensamos que Deus faz ou não faz. A situação é a seguinte: ele está sendo punido porque acreditou que Deus podia curar sua filha e não fez mais nada. Simples assim.
O problema é que isso aconteceu nos EUA, país cristão, cujas leis e modo de vida é baseado em princípios cristãos.
Dale Neumann não "alucinou" que Deus podia curar sua filha. Isso é ensinado na Bíblia, todos os domingos nas igrejas americanas e no resto do mundo. A mesma Bíblia que é usada pelos americanos para o juramento nos tribunais, em julgamentos. A mesma Bíblia que congressistas brasileiros discutem se deve ou não ficar aberta no Congresso Nacional.
Por conta dessa Bíblia, e dessa fé, Igreja e Estado decidem sobre a proibição do aborto. Não por evidências científicas que digam se o embrião já é ou não um ser vivo, mas por mandamentos bíblicos.
É com base nesta Bíblia que o Estado nega direito aos homossexuais de formarem uma família.
Foi com base na Bíblia, e unicamente nela, que a ONU decidiu criar o Estado de Israel, tirando um pedaço de outro país e criando uma bomba relógio de múltiplas explosões no Oriente Médio.
Ou seja, se os Estados, mesmo aqueles que se dizem laicos, pautam seus atos com base na Bíblia, como punir um homem por ter feito o mesmo?
Como querer que um fiel saiba o que deve ser seguido literalmente da Bíblia e o que deve ser contemporizado, quando há discussão sobre obrigatoriedade de ensino do criacionismo nas escolas?
Existe uma certa hipocrisia nisso tudo: as pessoas querem acreditar num Deus pessoal, onipotente, onipresente e onisciente, amoroso e preocupado com o destino da humanidade, mas se alguém dizer que ouviu esse Deus falando com ela, será taxada de louca. Ora, diante dessa fé é inconcebível que Deus fale com as pessoas? Há alguma regra, ainda que escrita pelo próprio Deus, que o impeça de falar com as pessoas? Então por que quem diz ter ouvido esse Deus é tido como louco? Por que quem age de acordo com essa crença, que é ensinada sem nenhuma ressalva, é tido como extremado ou fanático?

Um comentário:

  1. Caro amigo, suas considerações são coerentes quando analisa a contradição de um país cristão condenar alguém por crer no texto máximo dessa fé. Porém, há algumas situações em que os texto são tomados de modo acrítico e sem o necessário discernimento. Não vai aqui uma defesa dos EUA, somente uma ponderação independente do lugar onde venha a ocorrer tais posturas. Outra questão a ser levantada é o fato do cristianismo lá, como aqui, é nominal para a maioria das pessoas. A política que defende, o sistema econômico que impõe ao mundo, a relação irresponsável com o meio ambiente, o modo agressivo como conduz sua política externa, etc. etc. são elementos mínimos que mostram que de cristão esse País só tem o nome. E um ultimo pitaco, as questões que definiram a criação do Estado de Israel foram determinadas por objetivos meramente políticos. Se usaram a Bíblia ou textos isolados do livro, o fizeram numa perspetiva que ignorou interessantes princípios expostos na Bíblia que colocam a pessoa humana em mais elevada conta do que interesses políticos e econômicos.
    Um abraço.

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