sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Em passos de formiga

Hoje de manhã os jornais locais noticiaram o nascimento do menor cachorro do mundo. Diziam que um dos filhotes de uma cadela era minúsculo, o que assombrou os donos da cadela, que deram ao filhote o nome de "Vida".
Quando vi a imagem do cachorro, quase não acreditei. Tenho cachorro e já tive hamster. Sei a diferença entre um e outro e aquilo, pra mim, era um filhote de hamster!
À noite, a TV Aratu repetiu a história do menor cão do mundo. Já a TV Itapoan exibia matéria em que uma veterinária examina o tal cachorro e dizia que era um rato ou outro roedor que deve ter se desgarrado da mãe e foi parar no meio dos cachorros. No fundo, eu não estava tão errado assim e ainda posso estar certo, pois a veterinária disse que só quando o bichinho crescer mais é que poderá saber que tipo de roedor é.
O que mais me irritou, além da incompetência dos repórteres em verificarem uma história de modo simples, foi o fato de a revelação ser mostrada à noite como se fosse um desdobramento da notícia!
É como se anunciassem: "Bomba, bomba! Descoberto gato voador". E mais tarde: "Exclusivo! Novas revelações! Gato voador é um morcego!"
A segunda notícia não é fruto de investigação ou apuração do fato. Foi apenas a checagem que deveria ter sido feita ANTES de dar a primeira nota. O tom dela deveria ser de desmentido, de anticlímax, de um pedido de desculpas. Afinal, nunca houve notícia ali. O cachorro não se transformou num rato, ele nunca foi cachorro. Sempre foi um filhote de rato e, portanto, indigno de estar nos noticiários pelo seu tamanho.
Se há algo digno de se noticiar nessa história é a incapacidade de pessoas, incluindo repórteres, em diferenciar um cachorro de um rato, e a postura de jornalistas em divulgar notas como quem retransmite spams e hoaxes pela internet.
Quanto aos pouco higiênicos donos da cadela, que deixam seu bichinho parir em meio a ratos, decidiram continuar ordenhando a cadela e dando de mamar ao rato, numa prova de total imbecilidade ou de penitência pela estupidez. Mas garantiram seus 15 minutos de fama, que é o que parece importar hoje em dia.

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