domingo, 30 de setembro de 2007

Chega de correção!

Não é preciso mais assistir novela pra saber tudo que acontece nelas, sendo que em alguns casos, acompanhar as polêmicas e comentários que circulam na internet são mais interessantes do que acompanhar as tramas na TV.

É assim que acompanho a "importante" polêmica que diz respeito à escolha da música tema da* personagem gay de Claudio Heinrich. Militantes gays discordam (e qual militante concorda com algo?) da escolha da música Robocop Gay. Fizeram protestos, alegando o tom caricato da música.

Militâncias gays sempre protestam toda vez que um efeminado aparece na tela. Até pouco tempo, os protesto tinham uma razão de ser: essa não era a única representação possível para um homossexual, mas era a única exibida na televisão. Restringir todos os homossexuais a efeminados era uma representação pobre, parcial, incompleta. Mas hoje em dia, como as coisas mudaram na televisão e já vemos outros tipos de gays nas telas, fica a pergunta: o que há de errado em mostrar a bichinha afetada e engraçada? Ela não existe? Ela não é gay? Ou os gays tem vergonha delas?

Enquanto isso, os elogios são todos para o casal gay de Paríso Tropical:

Sem beijo: casal gay de 'Paraíso tropical' acha que a discrição conquistou o público

O que há, afinal, de diferente nesse casal gay que o faz ser aceito pela sociedade? A razão é uma só: eles não transam, nunca trasaram, nem jamais transarão. Esses dois teriam a bênção do próprio Papa para esse tipo de relacionamento. Sequer se beijam. Toda mãe, ao descobrir que seu filho é homossexual, diante da impossibilidade de "curá-lo", e em meio aos questionamento de "onde foi que errei", provavelmente passará doravante a rezar para que ele seja como Rodrigo e Tiago, pelo menos. Homossexual, sim, mas jamais gay, ou bicha, ou viado.

É fácil aceitar esse casal de gays que, além de não se tocarem, quer em público, quer na initmidade, ainda são uma espécia de suporte e anjo da guarda das outras personagens. A casa deles serviu inúmeras vezes de albergue para "desabrigados", até que resolvessem suas crises e seguissem suas histórias. Não se incomodaram nem um pouco de terem seu dinheiro roubado, quando hospedaram um trambiqueiro namorado da amiga. Sem contar que emprestaram dinheiro a alguns deles, algumas vezes. Sim, afinal, além de não ter despesas com escola, plano de saúde, roupas e alimentação de filhos, os dois não vão a boates nem usam roupas fashion, o que significa que possuem uma renda muito boa.

A única "crise" do casal foi quando um deles foi promovido, mas não queria ficar afastado do outro, e o outro não queria atrapalhar o futuro dele (Casal gay de 'Paraíso Tropical' vibra com promoção).

Ciúmes, desconfiança? Coisas de que nem o casal protagonista escapou (Pois Paula chegou a pensar que seu namorado a traía com sua irmã) não colam com o casal excepcionalmente perfeito, nem mesmo quando Umberto foi morar com eles e se insinua pra um dos dois. Não digo que precisaria haver traição, mas se até Débora Duarte andou sentindo ciúmes de Reginaldo Farias nessa novela...

Outro ponto a se destacar é que tal casal não tem um, unzinho só, nem um sequer, amigo gay. Nada, nem uma visita, nem um figurante na hora que reuniam grupos pra ver TV, nada.

E é esse modelo que as minorias gays aplaudem e dizem que é aceito pela sociedade? Pois sim. O que eu vejo é que, doravante, cada vez mais as pessoas exigirão dos homossexuais que sejam iguais a Rodrigo e Tiago, sem beijos, sem toques, sem demonstração de afetos. Enquanto que a bichinha, fechativa, trancativa e abalante terá mais um motivo de reprovação, afinal, como provou Gilberto Braga, não é preciso nada disso para ser gay.

* Aviso aos militantes: "personagem" é substantivo feminino e não é usado pejorativamente em virtude da orientação sexual da mesma, ok? (Nesses tempos de caça às bruxas, é bom se prevenir)

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