domingo, 13 de maio de 2007

Brincadeira de criança

Vamos passear na floresta,
Enquanto seu lobo não vem...

A brincadeira consistia (acho que ninguém mais brinca disso) em passar calma e perigosamente perto do lobo, e perguntar se ele estava pronto. A cada resposta negativa, os "porquinhos" continuavam a passear. A graça do jogo era que o lobo tinha que responder SIM antes de partir à caça das vítimas. Tudo dependia, então, da esperteza do lobo em dzer que estava pronto num momento em que pegasse os outros desprevenidos.

Meu amigo Benício, há muito anuncia sua vontade de colocar suas idéias num blog. Mas nunca está pronto. Por causa disso, vamos aproveitar e "passear na floresta" com alguns de seus textos antigos. Lembrando que nessa época ele tinha uns 17/18 anos, se muito. Ou seja, se já era assim naquela época, quando lançar suas atuais idéias atuais, o bicho vai pegar. Salve-se quem puder!



ACORDANDO PARA DORMIR

Foi crendo no homem como um todo, ou como parte do mesmo todo, que também seria o todo, supondo o tal ser humano biológico, ligado quimicamente por átomos diversos, fisicamente dinâmico no planeta, simetricamente perfeito, capaz de criar palavras, rimas e parábolas que hoje fui além, abracei a metafísica.

Ainda cedo estive de modo estranho a pensar, a matutar na árdua labuta diária do "porque(?)", visto que em "Tempos Modernos" de conduta não mais se deve perder o mesmo tempo "Aristoteliando" ou "Socratisando". Seria a tal... blasfêmia? No mínimo, atividade típica de "subversivo", diligência marginal.

Navegando em pensamentos mil, visualizei inclusive o homem louco, que vai à Lua, homem louco, vislumbrado nesciamente em criar espúrias cópias autenticadas de si mesmo; o homem global produtivo, homem vadio, desprovido; o homem símbolo de luz na quântica, também símbolo de cruz, na guerra. Homem racionalmente ignorante. O Ser ­catalisador e provedor do saber que massifica o ensino médio e o carnaval, julgando-se assim por devera sábio. Salve o cifrão ao homem, diz o mesmo homem.

Vagabundo nas obscuras ruelas do pensamento, lá fui ao poço, distanciando-me um tanto mais da vil matéria, aproximei-me do alegórico mais puro, da própria morte, por assim dizer. Lá vi, ao longe, talvez até além do horizonte, os homens, os seres, a vida em íngreme harmonia, voltada para o umbigo obstante, temerosa de se própria, tenebrosa em desigualdades.

Então subitamente a pálida derme álgida e sem pudor, ao breve contado, desperta-­me. Em fração de segundo à velocidade da luz tudo que havia sido construído desaba, cedendo lugar a velha e triste claridade infernal, gélida, oriunda da janela lateral. Saí então de mim, voltando-me novamente para a fétida vida. Escovo dente, visto roupa, abro olho, vou à escola, perco noite, lavo o cérebro como querem, faço o dever, não bebo, não choro e, obviamente, aos poucos vou novamente encontrando a velha e má morte diária.


Benício Boida de Andrade Júnior (Salvador, 05 de Abril de 2000)

E aí? Tá pronto, Seu Lobo?

Que PI é essa?

Salvador sempre teve um público cativo de teatro que lota salas. Pelo menos, se estivermos falando de peças com atores globais. Não importa...