domingo, 25 de fevereiro de 2007

Acabou?



Tivesse essa cidade um governante, eu não teria mais como postar com esse marcador, afinal o carnaval acabou no mundo civilizado. Como até hoje tem Chiclete com Banana na rua, eu ainda tenho tempo pra falar sobre meu último dia de carnaval, na terça-feira.

Fomos pro Camarote Expresso 2222 com a intenção de sair de lá mais tarde e seguir o trio. Mas depois de entrar naquele mundo desconhecido e maravilhoso, quem quis sair?

Podem falar que camarote é isso e aquilo, mas ruim, não é. Um ambiente com ar condicionado, bebida e comida em abundância, pista de dança, sessão de massagem, serviço de cabelereiro e customização de camiseta, gente famosa pra lá e pra cá, internet gartuita e... ah, sim, na varanda tinha carnaval. Podíamos ver os artistas dos trios de perto e não da distância que aqueles que pagam até R$ 700,00, R$ 800,00 por um abadá normalmente vêem.

O pensamento de que quem está em camarote não se diverte de verdade, não participa do carnaval, que camarote é sem graça, deve ser disseminado pela elite para acomodar os pobres e impedir o desejo de invasão dos camarotes. Tentam dizer que aquilo não é bom, mas é... aliás, é ótimo!

Dentro do camarote tinha lugar que meu crachá não permitia ir. Era a seleção na seleção. Ou seja, eu podia ficar lado a lado com o ex-prefeito de Salvador, com o atual governador, com a juíza Denize Frossart, mas não podia chegar perto de mãe Carmen ou de Caetano Veloso, pois estavam em áreas reservadas. Não sei se minha aproximidade com os outros era por falta de prestígio deles ou se era uma deferência dos mesmos, que abriram mão de seus lugares reservados pra ficar ali junto aos mais ou menos (porque povo, mesmo, tava na rua).

Aliás, essa identificação com o povo me fez, a princípio achar que eu seria inadequado lá. Afinal, não sou famoso, nem conhecia ninguém famoso pra estar ali. Mas minha amiga Patrícia trabalhou no Camarote e ganhou o direito de conceder credenciais a algumas pessoas. Pois se eu tinha uma amiga que me permitiu estar ali, tinha gente que nem isso: mendigou a entrada, barganhou, negociou, e foi. Ou seja, assim que entrei me senti legitimado de estar naquele lugar.

Eu soube que, no primeiro dia, algumas pessoas reclamaram que atrasou a entrada no camarote. Foi verdade. Mas considerando que ninguém paga pra entrar lá, por que essas pessoas reclamaram? Por que simplesmente não foram pra outro lugar?

Um cara procurou confusão com o segurança, a chefe da segurnaça conversou com ele tentando acalmá-lo mas ele quis bater em alguém e saiu levado por outros 4. O cara ganha comida e bebida de graça e não sabe se comportar.

Outro foi reclamar que não conseguiu acesso à aréa VIP. Chegou até Flora Gil, que no momento conversava com amigos numa mesa, pra mostrar sua insatisfação com aquilo. Ao que ela respondeu: "Então, um abraço". Pensei que ele fosse importante, mas minha amiga disse que ele foi desde o primeiro dia na porta insistindo que o nome dele estava na lista e nunca estava. Só no último é que sabe-se lá quem colocou. E o cara se acha no direito de reclamar de qualquer coisa.

Um rapaz que limpava o chão (e lá tudo era sempre limpo) avisou a um adolescente que o tênis dele estava desamarrado. O aprendiz de gente ruim olhou pro rapaz e perguntou: "Vc quer amarrar?"

Tinha muita gente ali que se achava no direito de tudo, mas os que tinham alguma fama, mesmo, quase não se notava. Minha amiga nos colocou na área reservada da TV Bahia, mas avisou que assim que eles precisassem nós seríamos retirados de lá. Ao primeiro sinal de movimentação saímos rapidinho para que ninguém tivess enem que pedir. Pois teve gente que não queria sair por mais que se explicasse que o lugar ali era reservado à TV e que a repórter precisava de espaço pra trabalhar. Depois que, com muita dificuldade, retiraram essas pessoas, Pat perguntou pra mulher da TV se a gente podia ficar e ela deixou.

Ficamos, por alguns minutos, VIP's no meio dos VIP's, ao lado de Margareth Menezes. Bom, fazer o quê? A mulher era a homenageada do Camarote! Bom, mais irônico que isso, só a necessidade de usar crachá no camarote do autor desse música.

2 comentários:

  1. Nunca disse que camarote é ruim. Já fiquei em muitos e sempre tem do bom e do melhor. Mas o que eu gosto mesmo é do chão. Gosto de seguir atrás do trio. Meu pé na senzala é muito forte. Camarote, de novo, só se o Nivando me pedir. Fora isso, prefiro ficar em casa mesmo. Beijos

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  2. Eu, que não sou vip, nem baiana, adorei saber que existe um oásis no meio daquela confusão. Mas, mais do que isso, adorei saber como funciona...

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