terça-feira, 30 de janeiro de 2007

Dentro do bombom há um licor a mais



"O que faz de mim ser o que sou
É gostar de ir por onde ninguém for"


Hoje eu conheci Maurício Pinheiro Reis na internet.

Nota explicativa: Maurício Pinheiro Reis é Biafra.
Nota explicativa para Benício, Vinícius, Aline e outros que tais: Biafra é cantor e compositor de vários sucessos da década de 80. Um dos maiores sucessos foi Sonho de Ícaro, mas como eu não sou óbvio, coloquei um outro aqui.

Eu sempre sou um pouco criticado por meu gosto musical. Uns dizem que vivo no passado, outros dizem que sou brega, como se isso fosse ofensa. Mas pra mim, essas músicas me tocam não porque fizeram sucesso, mas eu acho que fizeram sucesso porque tocam as pessoas. Eu não digo que não existia produção, jabá e tudo o mais nos anos 70 e 80. Nem que todo bom artista tinha seu espaço garantido só pelo talento. Claro que não era assim. Mas certos sucessos emplacavam porque as pessoas gostavam e não porque era moda.

Hoje um sucesso é substituído por outro rapidamente, às vezes por outro do mesmo cantor e/ou banda/grupo.

Quando eu falava de Fernando Mendes há algum tempo, o máximo que diriam é que eu era cafona. Até porque só cafona ainda lembra dessa palavra. Aí Caetano gravou VOCÊ NÃO ME ENSINOU A TE ESQUECER, e logo virou sucesso. E não venham me disser que foi por causa da interpretação de Caetano, porque regravaram isso, à exaustão, depois, em ritmo de forró, pagode, funk, canto gregoriano...

Ou seja, a música tava ali, era boa, mas ninguém queria admitir porque era "velha". Ninguém regravava, nem ouvia. Aí um sujeito, com uma puta produtora (sem trocadilhos, sem trocadilhos), com todos os canais na mão, lança a música e o povo "gosta". Gosta uma ova, adere à moda. Porque gostar de Caetano é chique, gostar de Fernando Mendes é brega.

Uma vez Beto se encantou com um música do cd de Verônica Sabino e eu disse: é de Márcio Greyck. Ele agora virou fã de Márcio Greyck, baixou mp3, comprou cd e tudo. Ou seja, a regravação serviu como resgate do autor. Quando hoje eu falo em Márcio Greyck, ele não mais pergunta: "QUEM?", nem diz: "mas tu é velho, hien?" Mas tenho certeza que muita gente ia morrer admirando a interpretação de Verônica Sabino, mas não daria o braço a torcer de ir na fonte, conhecer outras coisas do cara.

Veja bem, não quero que ninguém goste de Biafra, Márcio Greyck, Fernando Mendes, Odair José, Diana e demais. Gosto é que nem braço: uns tem, outros não. Mas o que quero é que eles sejam reconhecidos como parte da MPB. Sempre que se escreve sobre MPB é como se essa gente não existisse. Eles são citados em Almanaques sobre a década tal, mas e o reconhecimento de que isso é música, é popular demais e produzida no Brasil? Nos almanaques de música MPB é só Chico, Caetano, Rita Lee...

Bom, estou contente de ter encontrado Biafra. Agora com licença que vou ver se Marcos Sabino faz parte do orkut.

2 comentários:

  1. babado, hein amigo... E gostei de "aprender" o nome de Biafra! Bom, eu já gostava disso tudo mesmo e muito mais. (Tipo Miss Lene e outras coisitas...) beijos
    PS - E "Voar, voar, subir, sunir" é a minha cara!)

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  2. A gravação de Rosana de "Impossível acreditar que perdi você" é bem melhor que a de Verônica (e olha que comecei a gostar de Verônica com esse disco). Mas Rosana tb é brega.

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Que PI é essa?

Salvador sempre teve um público cativo de teatro que lota salas. Pelo menos, se estivermos falando de peças com atores globais. Não importa...