quarta-feira, 6 de setembro de 2006

Quero falar de uma coisa

Quando o PT fez a reforma da previdência, eu vi alguns petistas tentando justificar a atitude, mesmo que constrangidos. Aí veio a expulsão de Heloísa Helena, Babá e Luciana Genro por terem se mantido fiéis ao programa do partido até então,e novamente os petistas tentaram justificar. Eu até entendi. Os heróis deles morreram de overdose de poder e se tornaram os inimigos, mas era difícil aceitar. Só que depois dos escândalos todos, do jogo do governo pra abafar e das desculpas esfarrapadas, eu tinha dificuldade em entender como um petista podia realmente acreditar que Lula era inocente.

Aí dois grandes artistas brasileiros resolveram o mistério pra mim:


"Não dá pra fazer política sem botar a mão na merda".
Paulo Betti

"Não estou preocupado com a ética do PT, nem com qualquer tipo de ética.
Para mim, isso não interessa. Eu acho que o PT fez um jogo que tem de fazer para
governar o país".

Wagner Tiso

Então tá explicado. Não se trata de aceitar que Lula não sabia da corrupção. O caso é dizer que corrupção não é nada demais, que todo mundo faz mesmo. É a reciclagem do "rouba, mas faz" que tanto combatemos.

Bom, se é por essa linha, em que Lula é melhor que ACM ou Maluf? Todos roubam, e todos fazem algo. E em quê somos diferentes daqueles que aculsávamos de ser tão ignorantes a ponto de manter a direita no poder por tanto tempo nesse país?

Quero ver agora quem vai ter a cara-de-pau de dizer que não é correto votar nulo. De dizer que tem que escolher o menos... menos o quê? Nem é mais o menos pior. Aliás, de tanto escolher o menos pior, o eleitor brasileiro agora tem a função de escolher o menos corrupto. O que deixaremos para o futuro? Um quadro de uma política em que se escolherá o menos assassino? O menos tirano?

Acho o cúmulo a propaganda do TSE mandar o eleitor avaliar a atuação do candidato e ver se ele não está envolvido em desvio de verbas e outros escândalos. Como assim? Se o TRE permitiu a candidatura daquela pessoa é porque ela tem ficha limpa, nunca foi condenada por nada... ou não? Se as instituições não conseguem fazer seu serviço e punir bandidos, não podem transferir essa responsabilidade pro eleitor. E lá vai o eleitor, feito um babaca, tentar encontrar, às vezes na sorte, quem entre aqueles candidatos rouba menos.

Um comentário:

  1. Então um "cara-de-pau" convicto - que adorou a declaração do tal Wagner Tiso diz: Não é correto votar nulo. Deve-se votar naquele menos pior, ainda que nessa categoria se enquadrem tanto ACM (do "rouba mas faz") quanto o "time do Lula" (do "faz, mas rouba"). É uma questão de consciência; e não temos a obrigação de acertar, mas sim de tentar, mestre!

    Ah! Outra: Essa coisa de moral é uma coisa estética. Embora jamais possamos estar livres dessa sombra.


    Sou chato mesmo. E ainda brigo com você se tu não votas em mim!!! (rs)

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