sábado, 26 de agosto de 2006

Meu coração não se cansa.




Hoje foi dia do meu exame de esforço.

O exame estava marcado para as 14h30m, mas eu cheguei às 13h43m.

É bom chegar cedo no médico. Se você chega atrasado, mesmo que seja 3 ou 4 minutos, e ainda tem que esperar 57 minutos pra ser chamado, não pode fazer cara de insatisfeito, pq a atendente vai te olhar com aquele ar de: "Que foi? Você chegou atrasado!" Se chegar cedo, a atendente te dá um sorriso e te considera um sujeito legal, cumpridor de suas obrigações, uma pessoa boa com quem se trabalhar. Mas aí, o médico se atrasa do mesmo jeito e ela olha pra você como quem diz: "Ele nem está tão atrasado, você é que chegou cedo demais".

Fiquei na sala de espera, até que a moça me chamou. Na outra sala uma outra paciente que já tinha sido preparada pro exame reclamava: "Eu vou ter que ficar esperando aqui? Nesse frio? Eu estava bem melhor lá na cama!" A enferemeira perguntou se ela queria que desligasse o ar condicionado. Ela disse que o que ela queria mesmo era esperar deitada, porque ela tinha que ficar sentada enquanto preparava outro paciente? já que a médica não tinha chegado, que deixasse ela esperar deitada. Pensei comigo mesmo que, sendo nervosa e preguiçosa daquele jeito, não era à toa que ela estava com problema de coração. Lembrei imediatamente que eu também sou nervoso e preguiçoso. Pedi a Deus que não fosse tanto.

A enfermeira começou a colocar uns negócios nos meus pulsos e tornozelos. Eram uns pregadores de metal gigantes ligados por fios a uma máquina. Imaginei que aquilo envolvesse eletricidade. Desliguei o celular com medo que tivesse alguma interferência. Me angustiei porque a enfermeira ficou batendo papo com a outra, enquanto eu imaginava toda a eletricidade que passava pelo meu corpo naquele momento. E se algo desse errado? Ela iria notar antes que fosse tarde demais? Essa mulher não vê filmes de terror onde essas máquinas sempre dão curto e matam quem está ligado a elas?

As enfermeiras ignoravam a minha presença e deviam achar que problemas cardíacos causam surdez, porque conversava, sobre tudo sem a menor discrição. Uma falou sobre a (im)paciente que queria continuar deitada e disse: "Só se agora eu tenho uma nova chefe, pra me dizer o que fazer". Depois passaram a falar sobre uma fulana que anda faltando muito ao serviço e não recebe falta nem precisa compensar, e o serviço sobra pra uma outra que trabalha no mesmo setor. Ao que parece essa fulana sofreu uma tragédia familiar, mas perdi o capítulo em que explicava o que foi, e as duas tinham pena dela, mas isso não justificava aquele comportamento. A suspeita era que ela estava saindo com algum médico que dava cobertura a essas faltas. E pelo visto, o médico devia ser muito feio ou muito antipático, porque uma disse: "Deus me livre, logo quem, tem gente que se presta a tudo".

Depois disso a enferemeira tirou os pregadores, raspou o meu peito em alguns lugares e prendeu uns adesivos redondos.

Voltei pra sala de espera e a nervosinha não conseguiu, mais uma vez, voltar pra deitar na maca, pois entrou uma senhora. A médica chegou pontualmente com 30 minutos de atraso. Mais meia hora e a enfermeira pediu pra eu entrar numa sala e tirar a camisa. Na sala havia um desfibrilador (acho que é esse o nome) que eu já vi em muitos filmes de médico. Estava quebrado, o que não me tranqüilizou nem um pouco.

A nervosinha tinha terminado o exame e parecia calma. Na verdade, estava bem relaxada, contando sobre sua vida e fazendo perguntas à médica. Disse que pagou seis meses adiantado de academia pra se forçar a ir. E perdeu o dinheiro porque não foi. Enquanto isso, eu ficava nervoso porque ela já deveria ter saído.

Finalmente entrei. Fiz o teste, que consiste em andar numa esteira, cada vez mais rápido e inclinado, enquando uns fiozinhos ligados nos adesivos redondos vão marcando alguma coisa. Eu não sei o que eles marcam, mas tinha umas horas que os números ficavam vermelho... o que não pode ser bom. Ninguém seria insensato de marcar com vermelho uma coisa que não fosse ruim.

O pior é que cada vez que eu olhava pros números, a coisa piorava...

Ao final, a médica disse que eu estava fora de forma!

Tudo isso pra dizer algo que eu mesmo poderia dizer deitado em minha casa, vendo TV?

Não acho que valha a pena passar por isso de novo.

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