domingo, 19 de fevereiro de 2006

Síndrome de Estocolmo

A Revista Superinteressante desse mês traz uma matéria sobre a Axé Music. Fala do surgimento do ritmo e mostra como estão hoje em dia algumas estrelas do carnaval baiano.

Sobre Margareth Menezes, o texto fala o que vem sendo repetindo há mais de ano, que a cantora deu uma de Gloria Gaynor, entregou sua vida a Jesus (até porque ninguém mais quis) e agora rejeita o público GLS que garantiu seu sucesso.

Pois minha amiga Andréa foi ao ensaio de Margareth nesse fim de semana e no dia seguinte comentou comigo: "Só tinha gay naquele Rock in Rio". A frase foi um pouco exagerada, até porque no continuar da conversa eu entendi que Andréa não voltou sozinha pra casa, o que indica que, ao menos, um heterossexual deveria ter lá.

Mas o importante é: se Margareth Menezes rejeita o público gay, faz questão de dar declarações públicas para desvincular sua imagem desse público, por que os gays insistem em dar seu dinheiro e sustentar a carreira dela?

Uma resposta seria ela ser tão boa, mas tão espetacularmente boa, única, insubstituível e essencial que as pessoas engolissem a humilhação de serem destratados por ela e fossem saracotear ao som dos seus berros. Acredito que nem o mais ardoroso fã apostaria nessa alternativa.

Outra possibilidade seria uma variação da Síndrome de Estocolmo, onde os agredidos, no caso a comunidade gay, passam a defender e até achar que dependem dos agressores, no caso a eterna cantora de Faraó-ó-ó.

Mas acho que tem mais a ver com a falta de amor-próprio e de vergonha na cara dos brasileiros. Somo um povo realmente sem orgulho. Aceitamos ser humilhados na política, nos restaurantes, nas artes, em tudo. Se uma boate nos atende mal, mas é freqüentada por todo mundo, lá estamos nós. Se um artista cancela um show em cima da hora, sem qualquer motivo, e deixa o público esperando, mas é famoso, lá estará esse público no próximo show. Se uma pretensa atriz agride repórteres, chamando capangas para deixá-lo nu e amarrado numa sala, mas ela é notícia, lá estarão os outros colegas fotografando-a no próximo desfile no sambódromo.

Somos colonizados e achamos que quem acha que pode pisar... é porque deve poder mesmo.

E lá vamos nós exageradamente querendo "migalhas dormidas" do pão de quem acreditamos ser importante.

Às vezes eu penso que falta muito para sermos cidadãos. Outras vezes eu penso que falta muito para sermos humanos.

9 comentários:

  1. Evangélica??? Mas continua cantando músicas relacionadas ao candomblé, que lhe deram fama e sucesso. $$$ei...

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  2. Realmente estranhei essa coisa de evangélica, até porque ela frenqüentava, até pouco tempo, aquele grupo da União dos Vegetais. Mas ela parece ir pra onde estejam pagando. Sei lá.

    Por favor, ao escreverem não o façam anonimamente, eu fico curioso pra saber quem foi. Se você for assinante do blogger, entre com seu login, senão, selecione OUTRO que aparece um local rpa preencher o nome. Obrigado.

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  3. Tô passada e não vou me identificar.... E minha imagem de virgem imaculada, como fica???

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  4. Oi concordo plenamente com todos seus questionamentos. Acredite, eu mesmo já os fiz várias vezes. Margareth me propiciou talvez os melhores momentos do carnaval baiano, lembro de quando ela parava no beco da caixa e brigava para cantar para o público dela (nesta época ela sabia que tinha um público gay)até o carnaval do ano retrasado(2004), quando ela começou a renegar seu público. Presenciei ela parar no beco da OFF, olhar para avenida, sem cumprimentar o beco, e convidar seus associados para o baile de enterro dos ossos (ou alguma coisa assim) depois do carnaval. Sabemos bem quem ela estava pedindo que financiasse seu último ensaio. Infelizmente, uma galera sem amor próprio, só pode ser isso, continua indo, e achando o máximo continuar financiando a mesma. Ano passado(2005) a cena se repetiu, e quem estava comigo sabe que virei as costas para o trio dela, o que farei de novo. Dinheiro meu, jamais.

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  5. Oi, adorei teu blog. Obrigado pela mensagem. Só uma coisa: procurei a revista q vc indicou e não encontrei a matéria. É mesmo a Superinteressante deste mês?
    PS: vou colocar anônimo pq seu blog exige uma série de coisas para postar comentários.
    Leandro

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  6. 1 - Para a "anônima passada". Se ficou indignada com esse post só pode ser Andréa ou Margareth Menezes, como falou em virgem imaculada, é Margareth, claro.

    2 - Miguel, também acho que dinheiro é muito suado pra se dar pra qualquer um.

    3 - Leandro, é a Superinteressante de fevereiro, sim, com a matéria dos templários na capa. Procure a seção retrô, sobre a axé music. Eu escaneei a nota direto da revista.

    Quanto ao blog, tudo bem que você colocou seu nome embaixo, mas bastava clicar em Outro e preencher o nome. Ele só é exigente quando você tenta logar como usuário do blogger e não é cadastrado ainda. Mas valeu.

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  7. Tive os mesmos problemas do Leandro, daí o anônimo (o primeiro!!).Agora, não mais os terei.
    Será que a cantante descobriu que gospel da mais grana? Vai acabar fazendo dupla com Mara Maravilha!

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  8. Engraçado... - estamos em 2012 - seis anos depois compro um DVD de Margareth onde ela faz uma linda homenagem ao Candomblé. A gente se desevangeliza? Não entendi.

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  9. Saulo, na verdade a revista confundiu a entrada de Margareth na União do Vegetais com alguma religião evangélica.

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Que PI é essa?

Salvador sempre teve um público cativo de teatro que lota salas. Pelo menos, se estivermos falando de peças com atores globais. Não importa...