Tudo tem limites.
Novela é ficção. Em tese não teríamos que discutir as coisas que se passam nela, a não ser a qualidade do texto e da dramaturgia.
O problema é que no Brasil, não só o público confunde realidade como ficção, com movimentos de minorias fazendo grita e ministra do governo interferindo na trama, como a própria novela se arvora a discutir assuntos de interesses da sociedade.
Nada contra tratar de assuntos atuais e polêmicos, mas as novelas, especialmente as das 21 horas da Globo, lançam a polêmica, conduzem os debates e apresentam seu ponto de vista como se a verdade fosse, e nessa estratégica contam com o restante da programação da emissora que dá um ar científico à obra ficcional.
A novela Fina Estampa discute o procedimento da reprodução assistida.
O primeiro erro que vi foi um homem da alta sociedade, esclarecido, dizer que não aceitava a inseminação, porque não admitia que sua esposa tivesse filho com outro homem. Ser contra a reprodução, até alegando que a criança não teria os mesmos genes é uma coisa, reagir como se fosse adultério é inconcebível. A reação de Paulo nem deveria ser discutida, pois parte de uma ignorância que, a meu ver, nem combina com a personagem. Mas vá lá liberdade do autor.
Mas a falha recente no argumento foi mostrar a reação da população com a clínica de reprodução. Ameaças de morte à médica, uma turba furiosa invadindo a clínica, destruindo tudo. Ora, cotidianamente vemos clínicas onde pessoas morrem por erros dos profissionais sem que isso gere essa mobilização popular. Uma clínica de reprodução assistida, onde o médico além de manipular os resultados ainda estuprava as pacientes desacordadas, não foi objeto de nenhuma ameaça do tipo. Pelo contrário, durante as investigações policiais, o médico, mesmo com o registro cassado, continuava clinicando, ou seja, as pessoas continuavam indo lá. Assim, essa reação contra a clínica da novela é inverossímel.
Ficção é ficção e o autor tem toda a liberdade, respeitando as leis do ambiente ficcional. Se o autor resolveu ambientar sua novela no Rio de Janeiro de 2012, pode criar a personagem que for, mas a população do Rio de Janeiro de 2012 em sua novela deve se comportar de forma condizente a como a população do Rio de Janeiro de 2012 se comportaria.
O problema é que no Brasil, não só o público confunde realidade como ficção, com movimentos de minorias fazendo grita e ministra do governo interferindo na trama, como a própria novela se arvora a discutir assuntos de interesses da sociedade.
Nada contra tratar de assuntos atuais e polêmicos, mas as novelas, especialmente as das 21 horas da Globo, lançam a polêmica, conduzem os debates e apresentam seu ponto de vista como se a verdade fosse, e nessa estratégica contam com o restante da programação da emissora que dá um ar científico à obra ficcional.
A novela Fina Estampa discute o procedimento da reprodução assistida.
O primeiro erro que vi foi um homem da alta sociedade, esclarecido, dizer que não aceitava a inseminação, porque não admitia que sua esposa tivesse filho com outro homem. Ser contra a reprodução, até alegando que a criança não teria os mesmos genes é uma coisa, reagir como se fosse adultério é inconcebível. A reação de Paulo nem deveria ser discutida, pois parte de uma ignorância que, a meu ver, nem combina com a personagem. Mas vá lá liberdade do autor.
Mas a falha recente no argumento foi mostrar a reação da população com a clínica de reprodução. Ameaças de morte à médica, uma turba furiosa invadindo a clínica, destruindo tudo. Ora, cotidianamente vemos clínicas onde pessoas morrem por erros dos profissionais sem que isso gere essa mobilização popular. Uma clínica de reprodução assistida, onde o médico além de manipular os resultados ainda estuprava as pacientes desacordadas, não foi objeto de nenhuma ameaça do tipo. Pelo contrário, durante as investigações policiais, o médico, mesmo com o registro cassado, continuava clinicando, ou seja, as pessoas continuavam indo lá. Assim, essa reação contra a clínica da novela é inverossímel.
Ficção é ficção e o autor tem toda a liberdade, respeitando as leis do ambiente ficcional. Se o autor resolveu ambientar sua novela no Rio de Janeiro de 2012, pode criar a personagem que for, mas a população do Rio de Janeiro de 2012 em sua novela deve se comportar de forma condizente a como a população do Rio de Janeiro de 2012 se comportaria.
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