segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

No grito

Até hoje tem gente que se arrepia quando alguém fala em compra pela internet. A imagem que vem à cabeça dessas pessoas é de produtos não entregues ou defeituosos, falta de atendimento pra resolver algum problema, desaparecimento da loja sem deixar rastros ou outras tragédias.
Pra mim, a compra pela internet elimina o maior incoveniente da compra nas lojas convencionais: a pessoa. Não há vendendor, lojista, atendente, associado, colaborador ou qualquer outro nome que queiram dar. Escolhendo bem a loja virtual, os riscos são até menores do que nas lojas físicas. Sem alguém tentando te empurrar um produto, com promessas mentirosas, o próprio usuário pode calmamente escolher o produto mais adequado, ver suas especificações, comparar os preços com outras lojas e checar direitinho as condições de pagamento. Pra completar, as melhores lojas virtuais costumam oferecer descontos pra seus clientes regulares, coisa que as lojas físicas não fazem.
Claro que as lojas físicas tem a grande vantagem de nos entregar o produto no final da transação, na maioria dos casos. E foi por isso que eu optei por essa forma, já que não tinha comprado com antecedência o presente de Natal que procurava: o celular Star TV da Samsung.
Quando me dei conta de que não seria possível a entrega até o dia 25/12 pela Submarino, decidi procurar nos shoppings. Rodei todo o Salvador Shopping sem encontrar, a não ser na Claro, onde o aparelho era bloqueado por 12 meses mesmo na opção cartão (a Anatel serve pra quê, mesmo?). Liguei para as lojas do Iguatemi que disponibilizam seus telefones no site do shopping (por que uma loja de telefonia não permite o contato por telefone?), mas em nenhuma tinha o aparelho. Fui para o Shopping Barra. Na primeira loja (Nelinho), a simpática vendedora/lojista/atendente/associada/colaboradora em treinamento Dulce, disse-me que havia acabdo naquela loja, mas que ainda tinha na outra, naquele mesmo piso. Fomos lá e ela me mostrou o último dos aparelhos ainda à venda.
Comprei e dei o presente. Na primeira tentativa de carga, apesar do indicador dizer que só tinha dois pontos de carga na bateria, o aparelho deu uma mensagem de que o aparelho estava carregado e mandou retirar o carregador. Pensei que deveria esperar que ele descarregasse completamente e assim foi feito. Quando a carga acabou por completo, o aparelho não carregava por nada.
No dia 26/12 fui com Beto à loja e expliquei o problema. A vendedora trocou o carregador mas o aparelho não dava sinal. Chamou a vendedora que me atendeu, esta trocou apenas a bateria, usando o carregador do aparelho... nada. Ela disse que não podia trocar o aparelho porque não tinha outro na loja. O jeito era levar pra assistência.
Imagine, tirar um aparelho da loja e 3 dias depois dar entrada na assistência técnica. Não fazia o menor sentido. Pedi para cancelar a compra. Pedimos pra falar com o gerente. Ele não estava. A moça ligou pra ele explicou tudo, ele disse para ela que eu poderia pegar outro modelo ou ir para a assistência, mas devolver o dinheiro ele não devolveria.
Ela trocou então o carregador e a bateria e o aparelho deu sinal. Beto ficou desconfiado. Achava que seria muita coincidência que o defeito estivesse no carregado e na bateria. Não queríamos sair da loja com um aparelho que poderia dar o mesmo defeito mais tarde. Pedi pra falar com o ferente pelo telefone. A menina ligou de novo, mas ele se recusou a falar conosco. Disse para levarmos o aparelho que, se não funcionasse, na segunda-feira nós retornaríamos e falaríamos com ele.
O aparelho ficou a noite toda no carregador e só carregou dois pontos do indicador. Mesmo com a carga caindo pra um ponto, o aparelho dizia que a bateria estava plenamente carregada e não dava a carga.
Voltamos para a loja. Pedimos para falar com o gerente que informou que estava no estoque e que só atenderia dali a meia hora. Saímos. Quando voltamos, a informação era de que ele tinha ido para a outra loja. Fomos pra lá. Dulce nos atendeu, fez os testes com outro carregador, o aparelho não funcionava, ela nos disse que o gerente já havia dito que deveríamos ir pra assistência técnica. Eu informei que o código de defesa do consumidor me garantia o cancelamento da transação nesse caso. O produto já saiu com defeito da loja!
Ela procurou o gerente e a informação foi que tinha saído pra almoçar, deveríamos voltar após as 15:30.
Mais uma vez saímos e antes das 16:00 estávamos de volta. Dulce já foi procurando o tal gerente, mas a informação foi de que ele tinha saído. Meio sem jeito, ela pediu pra que a gente sentasse um pouco. Liguei pra um dos poucos advogados em que confio e perguntei se eu realmente tinha entendido certo o CDC, ou seja, se eu realmente tinha direito a cancelar a compra. Queria ter certeza do meu direito para brigar com o gerente. Mas antes que meu amigo me respondesse, Beto deu a lição jurídica que nenhum curso de direito desse país vais ensinar: gritar.
Gritou na loja a plenos pulmões que queria falar com o gerente, que não iria esperar mais um minuto, que estava desde sábado perdendo tempo com um gerente que não atendia, que não ia sair da loja com um aparelho que já estava defeituoso!
Alguns clientes começaram a dizer para ele denunciar a ANATEL, outros manifestavam apoio. Com a confusão, apareceu um homem que se identificou como supervisor regional, ou algo parecido. Disse que não era o responsável pela loja, mas que nos atenderia. Ouviu o que eu tentava explicar, enquanto Beto ainda gritava, e nos levou para uma sala, com certeza para que mais clientes não vissem a cena. Conversou com Dulce, constatou que não tinha outro aparelho na loja e disse que faria o estorno no cartão de crédito. Concordou que o gerente devia nos ter atendido desde o sábado e disse que isso já deveria ter sido feito.
Beto disse que era cliente da Nelinho desde que só havia uma loja, no Orixás Center, mas que nunca mais pisará os pés em outra loja, graças ao tal Renato (o gerente). Walter, esse supervisor ou o que quer que fosse, nos deu o número do celular dele e disse que qualquer problma com o estorno do cartão poderíamos ligar pra ele. Pediu desculpas e saímos.
Em casa, comprei o aparelho numa loja virtual, por um preço menor ainda, mesmo incluído o frete. Aproveitei pra fazer uma reclamação da Nelinho no site Reclame Aqui e ainda descobri que ela teve 114 reclamações fundamentadas no Procon em 2009, sendo 19 por entrega de produtos defeituosos.
Bom, quem quiser arriscar aborrecimento, perda de tempo e prejuízo, é só procurar a Nelinho Telefones e engrossar as estatíticas de 2010. Eu continuarei nas lojas virtuais, onde é mais seguro!

Um comentário:

  1. Por que essas coisas acontecem com a gente?...acho que vou começar a ser decoradora de funerais...hehehehehhe..:)

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