Essa semana, eu soube que o senhor Antonio Ferreira Barbosa, cujo nome consta há 40 anos na minha certidão de nascimento, declarou que eu não sou filho dele, ou algo parecido.
Certamente, ele não quis levantar dúvidas sobre a honestidade de minha mãe, nem mesmo ele seria descarado a esse ponto, e deve ter falado não do ponto de vista biológico, mas do afetivo.
A declaração me deu um certo alívio, na verdade, pois mostra que as coisas ficaram bem esclarecidas na cabeça dele.
Mas por que será que eu não tenho afeto e proximidade com o sr. Antonio Barbosa?
Será que foi por que ele, ao largar a esposa com dois filhos de 6 e 2 anos de idade, sem dar qualquer condição financeira para que esta mantivesse o aluguel da casa em que moravam, ainda vendeu o apartamento que tinham comprado e ela só descobriu quando foi receber a chave? Provavelmente, desde aquela época ele já não me enxergava como filho, pois não posso crer que ele fizesse isso com um filho (apesar de ter feito também com meu irmão, que o respeita até hoje).
Ou será que foi por que ele, ao ser aceito pela ex-esposa (em parte por pressão da família que alegava a necessidade dos filhos) com um discurso de que tinha mudado e se tornado evangélico, humilhou essa mulher com seus casos extraconjugais públicos, desprezando qualquer senso de família?
Ou será porque ele, quando sua esposa mais uma vez farta dessa situação pediu que ele saísse de casa, pois ele já tinha outra mulher, veio procurar o filho mais velho à noite, em tom de vítima, dizendo que eles estavam tendo problemas e perguntando se ele teria alguma solução. E no dia seguinte disse: "Como você não falou nada, eu vou embora", deixando um adolescente se sentindo culpado pela nova separação de seus pais?
Ou será que foi por que foi ausente só usando os filhos como parte de seus joguinhos, para se fazer de vítima diante da família ou para atazanar sua ex-esposa?
Ah, senhor Antonio Barbosa, o senhor nunca vai ler isso, mas gostaria que soubesse que já tive orgulho de chamá-lo de pai, já tive todo sentimento e ilusão que uma criança tem de que seu pai é perfeito e um modelo a ser seguido. Mas laços de sangue não são suficientes para apagar determinadas falhas e perdoar fraquezas de caráter.
Foi minha mãe quem sempre esteve ao meu lado, quem sempre me levou ao médico, quem sempre me ajudou com as lições, quem trabalhou 3 turnos para poder nos manter, quem sempre falou com meus amigos, quem sempre participou da minha vida. Ela foi meu pai e mãe e muito mais. Ela é a pessoa que eu quero homenagear nesse segundo domingo de agosto, e de setembro, outobro, novembro, dezembro... Ela foi sempre a rainha de um lar que nunca teve um rei, mas um bobo que, periodicamente, gosta de chamara atenção sobre si se fazendo de coitado.
Há muito que não ligo pra esses assuntos e não pensaria nisso se não fosse a coincidência de saber dessa declaração dele na semana do dia dos pais.
Mas nem tudo é tão ruim. Meu irmão não tem o mesmo sentimento que eu em relação a Antonio Barbosa, e ele ainda tem duas filhas, com as quais, espero, não tenha repetido os erros que cometeu com seu filho mais velho. Então, ainda há esperança que, mesmo com um filho a menos, ele tenha um feliz dia dos pais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Que PI é essa?
Salvador sempre teve um público cativo de teatro que lota salas. Pelo menos, se estivermos falando de peças com atores globais. Não importa...
-
Primeira Barbie A notícia de que Barbie se separou de Ken para ficar com o surfista australiano chamado Blaine, não me chocou nem u...
-
A nova modinha dos descolados baianos é para salvar o Cine Jandaia. Repetem-se os discursos como na venda do Bahiano de Tênis e na reforma d...
-
- É aquele gordinho bonito? A frase deveria soar como um elogio, mas foi como um murro no meu estômago. Eu sabia que estava gordo, meus amig...
Quanto mais aleijado o homem, maior sua necessidade de atrair para si pessoas que sirvam como muletas. Deixe-o novamente, meu amor, e fará um bem a si mesmo.
ResponderExcluirAna Cláudia