quinta-feira, 2 de junho de 2011

Pária cibernético

Mais uma vez sou acusado de anti-social por ficar conectado na internet através de dispositivo móvel. Reclamam se respondo uma mensagem no MSN, se confiro informações do Facebook ou verifico email.
Pessoas conectadas viraram os novos fumantes da sociedade. Em breve vão querer que sentemos em lugares separados.
Concordo que é desagradável estar com alguém cuja atenção esteja na internet, na televisão, no radinho, nos problemas do trabalho, no filho que ficou em casa com a babá ou em qualquer outro lugar que não no interlocutor. Mas o fato de estar com uma pessoa também não me exclui de estar em contato com outras. As pessoas reagem como se eu estivesse me relacionando com o computador, quando na verdade estou me comunicando com amigos que não posso ter lado a lado comigo.
Será errado usar a tecnologia para manter uma proximidade que seria impossível de outra forma?
Será que devemos evitar criar novas regras de etiqueta e continuar seguindo as antigas que não abarcam coisas que não existiam?
Criei, sim, uma rede de amigos com quem me comunico por meios eletrônicos. E só por seres distantes, eles não são de segunda categoria. São também pessoas que estão do outro lado desses equipamentos. O tipo de relação com eles tem variações, claro. Com alguns apenas baboseiras e brincadeiras, com outros assuntos sérios. Alguns podem esperar uma resposta quando eu chegar em casa, mas a outros eu posso responder numa pausa entre as conversas, ou quando minha companhia for ao banheiro, ou enquanto estamos na trânsito.
Em geral quando demonstro que eu não levo mais de um minuto pra responder uma mensagem e que nunca interrompo ou me privo de nada pra fazer isso, a resposta que ouço da pessoa é que ela não conseguiria fazer isso, que se ficasse conectada assim, não conseguiria pretsar atenção em nada. Ou seja, porque a pessoa não consegue, eu também não deveria?
Quanto aos que me acusam de ser viciado na internet, eu consigo muito bem desligar (e não colocar para vibrar) o celular em cinemas, teatros, reuniões e sempre que acho necessário.
Mas não sou intolerante como as pessoas que não suportam os smartphones. A partir de agora, em nome dos amigos presenciais, desligarei meus contatos à distância. Mas estejam preparados para preencher cada minuto de minha atenção de libriano, e não se atrevam a se distrair atendendo o celular para resolver problemas domésticos que não envolvam emergências médicas.
Maior que a atenção de libriano é a cobrança de libriano.

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