Bate, bate, bate coração

Acabo de sair do Instituto Cardiopulmonar onde fiz ecocardiograma com doppler colorido e eletrocardiograma. No primeiro exame, a médica perguntou:
- É apenas para check-up?
- É.
- O seu último exame deu normal. É só por precaução, né?
Por mais que a dra. Adriana tenha sido simpática, não foi muito aconselhável usar as palavras "apenas" e "só" nesse contexto, considerando que vivemos em um país onde a maioria da população, inclusive eu, faz pouco caso dos exames de rotina.
Senti como se estivesse desperdiçandoo tempo e o equipamento do hospital que poderia ser usado para ajudar os verdadeiros hipertensos. Era como se eu estivesse praticando um ato consumista como comprar um iPhone ou viajar para São Paulo apenas para ver a Exposição Star Wars.
Achei conveniente dizer que eu estava com um quadro de pressão alta há cerca de um ano. Ainda pensei, mas não disse, que até remédio eu tomava diariamente pra isso.
No final do exame, a dra. aliviou minha preocupação com minha saúde, aumenta a minha crise de consciência, dizendo que estava tudo bem.
Desci e fui fazer o eletrocardiograma. A moça simpática disse que não ia raspar meus pelos, e colocou os troços.
Eu lembrei que da última vez que fiz o exame, fiquei tenso pensando se aquele aparelhinho podia dar um curto e dar um choque na pessoa fazendo coração parar. Naquela época, eu pensava muito nas coisas que poderiam fazer o coração parar. Mas dessa vez foi tranqüilo e o exame acabou mais rápido.
A moça não falou nada sobre o ECG, mas acho que está tudo bem também. Até o momento, se "morrer do coração, é sinal que amei demais".