domingo, 21 de julho de 2019

Que PI é essa?

Salvador sempre teve um público cativo de teatro que lota salas. Pelo menos, se estivermos falando de peças com atores globais.

Não importa a qualidade da produção, se tiver um ou dois atores da novela, uma gente que nunca pisou no Gregório de Matos e nem sabe onde fica o Teatro Gamboa Nova, vai no salto encher o TCA ou o Teatro da Casa do Comércio.

Só fazem concessão ao teatro produzido na Bahia se for uma comédia de fácil entendimento, de preferência de gosto duvidoso, no Jorge Amado ou no ACBEU. E se sair na mídia e todo mundo estiver falando que viu.
ICBA ou Martim Gonçalves? Jamais.

Mesmo assim, fiquei surpreso ao saber que estavam esgotados os ingressos de PI - Panorâmica Insana. Sim, era no TCA e com globais, mas será que a galera leu sobre o que se tratava?
O espetáculo está muito mais para o que eles chamam de "alternativo" ou mesmo "balbúrdia" e não imagino essa gente pagando mais de R$ 100,00 para ver isso.

Ao chegar no teatro, pensei ter me enganado. Alguns rostos conhecidos, muita gente à vontade, parecia ser o público geral de teatro. Mas eles estavam lá. Acessando redes sociais ou mandando mensagens durante a peça (um do meu lado, outro na fileira ao lado) ou conversando, eles foram e estavam desconfortáveis. Não posso dizer que foram muitos, sequer maioria, mas estavam lá e ficou claro no momento catártico da apresentação quando as pessoas gritaram coisas como "Viva a Educação", "Abaixo, Bolsonaro", "Somos todos Paraíba", "A ANCINE é nossa", "Liberdade ao teatro" e, claro, "Lula Livre".
São os que não aplaudiram nem quando o grito foi "Lugar de criança é na escola".

Acredito que, de agora em diante, eles vão, ao menos, olhar mais do que apenas o elenco, antes de ir ao teatro.

domingo, 10 de março de 2019

Vou trabalhar meu bem querer

Em 1995, eu mal tinha 6 pessoas para quem enviar um email, mas já estava em uma rede social chamada Community Ware. Era pouco mais do que um fórum de debates, mas as pessoas podiam ingressar em comunidades para se conectar com pessoas com mesmo interesse.

Não sei se a proposta era muito nova ou eu que tenho interesses muito específicos, mas as comunidades das quais eu participava não chegavam a ter 12 pessoas.

Logo me desinteressei por aquilo e meus contatos com pessoas estranhas pela internet se restringiram às salas de Bate-Papo, onde tinha que conviver com pessoas que se apelidavam de "Moranguinho", "Zé Colmeia", sempre seguidos de números, e outros que tais. Naquela época já se discutia a valentia das pessoas que se escondiam atrás do, até então absoluto, anonimato da internet.

Aí descobri o mIRC. Tinha canais onde pessoas tinham interesses comuns, não tinha toda a resolução gráfica dos chats, era pra conversar (ou paquerar, a depender do canal). E tinham os moderadores. Eram os criadores dos canais e pessoas designadas por eles que fiscalizavam quem se comportava inadequadamente e colocavam pra fora ou até baniam do canal.

A conversa fluía bem, especialmente no privado. Em geral, pedia-se a foto da pessoa e o tempo em que ela demorava para baixar, as pessoas já tinham trocado nome, endereço, telefone, identificados amigos em comum, o que esperavam do futuro... Quando se viam (depois de pedir a segunda foto, porque a primeira era de modelo pega na internet), já eram grandes amigos ou estavam namorando.

Não demorou para surgirem regras e mais regras de comportamento nos canais e moderadores que adoravam mostrar o grande poder que tinham de banir as pessoas. Havia casos de moderadores perderem o status por abuso de poder. Se tornou um lugar insuportável, e já estavam bombando comunicadores instantâneos como ICQ, Yahoo e MSN, com possibilidade de incluir amigos e desconhecidos também.

Até que surgiu o orkut. No Brasil, virou febre. Um lugar que só entrava com convite é um orgasmo para um brasileiro.
Já vinha a foto da pessoa, dizia quem eram os amigos dela, de quais comunidades ela participava e outras coisas. Quem nunca mandou uma mensagem secreta por depoimento e se desesperou quando a pessoa aprovou e tornou pública? Quem nunca se irritou com aqueles pokes? E logo depois fez um poke? No orkut, em grande parte, não tinha anonimato. Ainda que mentisse nome e foto, você tinha que ter um email vinculado, era sempre possível rastrear. Falo isso da nossa percepção de leigo, uma vez que, na verdade, sempre foi possível rastrear o acesso. Bem verdade, é que quando era necessário a polícia fazer isso, dava em uma lan house.

Quando o Facebook surgiu, eu logo gostei. Não tinha tantas firulas quanto o orkut, e tinha como seguir notícia. Claro que logo vieram as críticas "vai mudar para o Facebook e depois vai mudar pro que substituir o Facebook?", "Cadê as comunidades?" e, o mais grave, "ninguém pode ver o quanto sou confiável, legal e sexy"!

Nunca me adaptei ao Twitter ou ao Instagram. Ficar publicando fotos não é pra mim e acompanhar uma enxurrada de mensagens curtas é desgastante.

Na era do Facebook, as coisas já estavam avançadas. Todo mundo achava que sua opinião era importante demais pra ficar só entre seu círculo de amigos e precisava expô-la ao mundo. E, pior que isso, sua opinião era mais importante que tudo: direitos individuais, estatísticas, honra e dignidade alheias, laudos de especialistas e até que a ciência.

Chegamos ao cúmulo de voltar a discutir a forma da Terra, como se isso fosse uma opinião.

O sócio do Facebook nesse papel de divulgar qualquer opinião foi o Whatsapp. E para corroborar as opiniões, criavam-se histórias falsas. A princípio eram "inocentes". Era uma história de uma criança doente, um homem que perdeu a família ou qualquer outra narrativa de sofrimento, a reviravolta que aconteceu e que descambava em uma lição de moral. Aí, quando você (no caso, eu) dizia que aquela história nunca aconteceu, o emissor dizia que não importava porque a lição de moral era bonita e válida. Ou seja, a validade da lição estava na história falsa, mas a pessoa dizia que a história, mesmo falsa, era válida porque ilustrava a lição.

Depois começaram a surgir as histórias falsas de horror. Seringas nos bancos de cinema e outras histórias que, por mais que repetidas de forma exatamente igual, mudando a cidade, eram sempre replicadas com um "aconteceu com uma amiga de um primo"... Evoluíram para histórias falsas com pessoas reais, sendo acusadas de crime. No mais bizarro dos casos, mataram uma dona de casa acusada de assassinar crianças de uma cidade em rituais satânicos, mesmo que ninguém tivesse ouvido falar de nenhum caso de crianças mortas na região.

Daí a coisa só piorou pra desgraça final que foram as eleições de 2018. Mas não se engane, você que compartilhou uma frase de Clarice Lispector, sem nunca conferir a fonte, fez parte disso.

Não quero parecer ser contra redes sociais. Pelo contrário, sou um usuário constante delas. Mas não gosto que elas tenham atrapalhado outras coisas. Para muitos, a capacidade de racionar por si próprio, para mim, a oportunidade de escrever no meu blog.

Sim, eu tenho um blog há muitos anos. Desde o antigo http://sigoadiante.zip.net, criado em 2004, sucessor da antiga, e sem qualquer rastro em mecanismos de busca, Lagartixa Rômipeije.

Tentei fazer do Facebook o sucessor do blog. Não deu certo. As pessoas não gostam de textão por lá. Tentei criar uma página https://www.facebook.com/sadiante/) e reproduzir os textos do blog. Teve alguma repercussão, mas o problema maior é que eu não parava mais pra fazer minhas postagens. Toda hora surge um assunto novo no feed e, em poucos segundos, eu posso fazer um comentário rápido pelo celular. Pra quê perder tempo escrevendo um texto enorme desses se eu posso fazer uma frase rápida e, a partir dos comentários, ir desenvolvendo a idéia?

Até que apareceu isso no meu feed de notícias: Pesquisa mostra impactos em usuários que param de usar Facebook

E eu pensei: será que não está na hora de dar uma pausa? Estou sentindo falta de escrever textos maiores, sobre o que penso e sinto, mesmo que não tenha um alcance tão grande quanto tem no Face. E mesmo que não sejam tão longos quanto esse.

Então é isso. Vou dar um tempo do Facebook.  Não sei se irei demorar 30, 60 ou mais dias. Também não sei se não vou sentir falta antes e voltar com 5 dias. Mas pretendo ficar fora o suficiente para manter um ritmo de escrita aqui. Pretendo escrever, no mínimo, uma vez por semana. Quem tiver um tempo e algum interesse, dá uma olhada no que tenho a dizer aqui no blog, que também tem local para comentar e para se inscrever para ser notificado das atualizações.


segunda-feira, 2 de julho de 2018

Cê vai de mal a pior... - 1ª parte

Eu não sei quanto tempo levou para o primeiro Homo erectus perceber que aquele fogo que o aquecia, afastava as feras e tornava os alimentos mais saborosos poderia ser usado na barba e cabelo do outro que o desagradava de alguma maneira, mas a verdade é que a humanidade sempre pega uma boa ideia e utiliza como ferramenta de poder, de se colocar em superioridade, de afastar o outro.


Algumas excelentes ações, surgidas nas últimas décadas para promover inclusão, estão sendo usadas no sentido extremamente oposto.

Vou falar de algumas delas aqui, em mais de uma postagem, a fim de evitar todos os protestos de uma vez só.

O politicamente correto surgiu como uma mudança de postura da sociedade em relação aos termos usados em relação a determinados grupos de pessoas que, apesar de não terem surgido com objetivo de ofender, foram adquirindo um sentido diferente do original e passaram, em muitos casos, a serem cruéis. "Aleijado" passou a ser sinônimo de deformado, incapaz, inútil. "Mongolóide" era muito mais associado a "imbecil" do que a alguém com Síndrome de Down (cujos traços físicos se assemelhavam aos Mongóis). Assim, a proposta era usar outras palavras, até então desassociadas dessas características negativas, a fim de não trazer uma visão depreciativa das pessoas. 

Louvável como exercício individual, o politicamente correto logo se deparou com algumas dificuldades quando tentou ser uma lei não escrita. 

Para começar, algumas das palavras depreciativas já passavam por um processo de resignificação pelos grupos excluídos, como viado ou bicha. Tentou-se criar a regra de que, se você for homossexual,tudo bem usar esses termos, mas se não for, não pode. Isso causa uma situação estranha em que, pessoas não homossexuais, que aceitam, convivem, gostam de homossexuais, que possuem laços de amizades, e que aprendem aquele vocabulário como algo normal, sem nenhum xingamento, se viam censuradas todas as vezes que falavam as palavras que ouviam de forma comum entre seus amigos.

A segunda questão é que, pessoas que passaram a maior parte da vida com um determinado conceito, se viam atacadas, de forma violenta, ao usar o termo "inadequado". Nem todo mundo que usa o termo "homossexualismo", o faz por associar a doença, mas apenas porque essa é a expressão que ouviram a vida inteira. A menos que essa pessoa esteja falando como autoridade, palestrante, publicamente, não há grandes necessidades da correção. E ela pode ser feita de forma educada, sem grandes escândalos. Apenas, na insistência da pessoa em usar o termo, após ser corrigida, pode-se dizer que ela está agindo de forma preconceituosa.

O politicamente correto avançou ainda em um sentido totalmente contrário ao que foi criado. Vejam, a ideia era pegar termos que, em sua maioria, foram criados sem qualquer intenção de preconceito, mas que com o passar do tempo foram deturpados e tinham um significado tão negativo que era constrangedor usá-lo, mesmo que sem intenção de ofender. Então, o problema era o significado popular daquela palavra, que era ofensivo.
Mas aí, os patrulheiros do politicamente correto começaram a desencavar os significados ocultos, originais, verdadeiros ou não, de palavras e termos que não eram usados com sentido ofensivo (pelo menos, não naquele momento ou até que os grupos retomaram essa questão). Foi assim que "lista negra", "denegrir" e "mulata", passaram a ser perseguidas e colocaram na cabeça das pessoas um sentido racista que nunca tinham percebido na palavra. Ou seja, o patrulhamento fez justamente o contrário do que o politicamente correto queria, eliminar palavras que foram deturpadas de seu sentido original para agredir, trazendo significados negativos para palavras cotidianas, usadas sem qualquer intenção depreciativa.

Uma das mais controversas é a palavra "mulata". Ninguém, em pleno anos 80, associava a palavra a mula. Ninguém chamava ninguém de mulata querendo xingar de mula. Se alguém usava o termo "mulata" de forma racista, estava usando na concepção que se tinha da palavra: de a pessoa ser descendente de brancos com negros, e não de ser uma mula.
Aliás, essa história de mulata vir de mula pode ser mais um equívoco, já que há mais de 8 séculos já se conhece o termo Muwallad (mualad, mulad) = mestiço do árabe com o ‘não árabe’, de onde parece te vindo o termo mulato = mestiço de branco com negro.

Outro grande problema do politicamente correto está detonando agora. No afã de descartar toda e qualquer palavra usada depreciativamente, ao invés de tentar uma resignificação delas, no Brasil, negou-se o uso do termo "preto", uma vez que as piadas racistas usavam e abusavam desse termo e das comparações. Passou-se a dizer que "preto é cor, negro é raça". Pra começo de conversa, preto é cor, branco também é cor. Nunca entendi bem o problema de ser cor. Já "negro" é adjetivo. Significa escuro. Então, essa questão etimológica nuca fez sentido. Mas como o "preto" para identificar o indivíduo estava carregado de acepções negativas, a ponto de as pessoas de recusarem a identificar como "preto", optou-se por valorizar o termo "negro" pouco usado por aqui. OK. Não foi a opção na época. Talvez achassem mais adequado do que resgatar o valor do preto. O lado negativo foi o patrulhamento que quase excluiu termos como "pretinho", "pretinha", "meu preto"... que sempre foram usadas carinhosamente. Mas eis que uns 30 anos depois disso tudo, surge uma nova questão. "Negro", ou seja "escuro", nunca foi usado tradicionalmente para os africanos ou seus descendentes. Esse termo, historicamente, foi usado para os escravos. Os portugueses, inclusive, chamavam os índios escravos de "negros da terra".
Por isso, a palavra "negro" é ofensiva para pessoas pretas na América e na África. O Brasil, ficou assim, em uma situação delicada. A palavra usada para representar a raça, foi justamente a palavra que é relativa à uma condição e não ao povo.

Na próxima postagem, vou m atrever a falar sobre "apropriação cultural", "lugar de fala", "representatividade" e outras boas ideias, que estão nos dividindo mais do que garantindo avanços.

quinta-feira, 28 de junho de 2018

Lá vou eu de novo...

E eis que lanço um novo capítulo em minha história com a NET.
Vou contar aqui a atual e depois, reproduzir as histórias antigas.

23/06/2018



Fui fazer a portabilidade do meu plano OI para a Claro. Aí descobri que a TV e a internet eram da NET. Isso já me deu um frio na espinha. Mas arrisquei.
Após escolher o plano, combo de celular, TV, internet e mais duas linhas de celular. Agendei a instalação para o dia 16/06.
Durante a semana recebi vários SMS dizendo que a instalação estava confirmada para o dia 15/06. Liguei pra lá, porque dia 15 eu não podia, por isso pedi dia 16. Eles reagendaram. Recebi a ligação confirmando que era dia 18. Novamente neguei. Aí disseram que dia 16 não tinha horário, que poderia ser dia 23. Até questionei que era véspera de São João e no Nordeste muita gente inventa desculpa e põe atestado falso nesse dia para não trabalhar. Mas eles disseram que iriam funcionar.
Durante a semana, vários SMS pedindo para eu confirmar com "S". Fiz isso em todas as vezes.
Ontem, dia 22, me ligam e a pessoa diz que viria instalar e trazer 2 chips. Eu falei que eram 3. Ela disse que com ela só tinha 2, então não poderia instalar e iria reagendar.
Discordei. Se a Claro/NET não consegue achar um chip da claro em 24 horas, imagina se eu como cliente precisar de um.
Liguei para o atendimento e a pessoa disse que realmente era um absurdo, que iria registrar e que eu ficasse tranquilo que seria instalado no dia 23/06.
Mais 4 ou 5 SMS, aos quais confirmei.
Hoje, nem sinal de instalador. Liguei para o atendimento e me disseram que o contrato estava CANCELADO.
Isso mesmo, CANCELADO.
Disseram que houve um erro na OS e, como "não conseguiram contato" comigo para corrigir de 2 para 3 chips, o contrato foi cancelado. Disseram que agora, se eu quiser terei que solicitar um novo contrato.
Em primeiro lugar: fui eu que errei a OS? Confirmar o quê, se na hora da compra é confirmado várias vezes as especificações do contrato? Não conseguiu ligação comigo? Se eu mesmo liguei para o atendimento na sexta-feira e foi confirmado que eram 3 chips.
Pedi para transferir para o setor de qualidade, para tentar mostrar como a empresa está tratando os clientes, mas o rapaz disse que "não é possível", pois o setor de qualidade é que liga para os clientes.
Pois eu liguei para o serviço e fiz a reclamação. O atendente confirmou tudo no sistema, confirmou que houve um erro e disse: "Mas o senhor concorda que o erro não foi da empresa? Foi da atendente". 
Eu perguntei: "A atendente é minha funcionária
Se a CLARO/NET atende assim ANTES de instalar o serviço, imagine como vai ser quando já estiverem recebendo o dinheiro do cliente?
De certa forma, foi até bom. Confirmei que NET continua sendo sinônimo de desrespeito com o cliente e certeza de dor de cabeça. Não que esteja livre. Até hoje 28/06/2018, já tive que dizer há mais de 6 atendentes NET de que eu não quero mais a instalação.





14/06/2004
Sobre a Net
Eu fui assinante da Net TV a Cabo. Como eles não entregavam a revista nem a pau, eu acabei cancelando. Um tempo depois eles me ofertaram, de novo, e como eu queria fazer a internet a cabo, e naquela época era obrigado a fazer conjugado com a TV, eu fiz. A moça confirmou meus dados e na hora do endereço ela falou: Rua Hélio de Oliveira... Eu disse: Não. A rua é Francisco Jorge, desde a outra vez vocês colocaram Hélio de Oliveira, mas é Francisco Jorge. Eu ligava toda vez para consertar e vocês nunca consertaram. E aqui começa nossa história.

Capítulo 1 : A instalação
Na data combinada para a instalação da TV o operador não apareceu, nem deu satisfação. Foi preciso que eu ligasse, na 2ª feira, reclamando. Nova data foi agendada e o cara finalmente chegou.
Operador: Sr. Djaman, eu vim instalar sua TV a cabo.
Eu: Pois não, pode entr...
Operador: Infelizmente, eu não vou poder fazer o serviço, é que aqui diz que o nome de sua rua é Hélio de Oliveira, mas eu constatei que o nome correto é Francisco Jorge.
Eu: Mas eu falei pra moça que era Francisco Jorge.
Operador: Pois, é. Ela colocou aqui, no campo observação: "O nome da rua é Francisco Jorge", mas o que vale é o que está no campo endereço. E nós não podemos instalar em um enederço diferente do que está no formulário.
Eu ligo para a Net e uma mulher atende, explico o problema, ela não entende e pergunta:
- Como foi o nome que o Sr. informou?
- Francisco Jorge
_ E qual é o nome da rua?
- Francisco Jorge
- Então qual é o problema?
- O problema é que a mulher colocou Hélio de Oliveira e o cara falou que não pode instalar.
- Qual o nome do seu edifício?
- Solar da Colina.
- Só um minuto... (um minuto de atendente tem, pelo menos, 180 segundos). Sr. O Edifício Solar da Colina fica na rua Hélio de Oliveira.
- Senhora, eu moro nesse edifício há dois anos e desde que eu me mudei ele nunca saiu desse lugar. É rua Franscisco Jorge. Além do mais, se fosse Hélio de Oliveira o rapaz não teria problema em instalar.
- Mas senhor o edifício fica na esquina da rua Franscisco Jorge com a Hélio de Oliveira.
- Senhora, se a senhora quiser vir aqui e empurrar o prédio 200 metros para colocá-lo em cima da casa que fica na esquina, o problema é seu, mas eu moro aqui e sei o nome da minha rua.
Conversa vai e vem, conversa com supervisora e nada feito.
Dias depois me ligam:
- Senhor Djaman, aqui é Fulana da Net, eu gostaria de saber porquê a sua TV não foi instalada.
- Eu também, minha senhora, por favor, se a senhora descobrir, não esqueça de me avisar.
Explico em poucas palavras o problema.
- Senhor, o senhor poderia estar enviando um fax com um comprovante que prove o nome de sua rua?
- Não, senhora. Eu não preciso provar onde moro. Caso você não queira instalar, problema seu.
Uma semana depois o cara apareceu, instalou e não se falou mais sobre o nome da rua.

Capítulo 2 : O divórcio
Alguns meses depois, a Net bloqueou meu sinal com a prestação paga. Ligo, digo que tá pago. O pedido de sempre para passar por fax o comprovante. Depois de diversas ligações, eu perguntei:
- Minha filha você tem fax em casa? Algum amigo, vizinho ou parente seu tem fax em casa? Porque eu não tenho. Eu não tenho obrigação de provar que estou em dia, você tem que se ver com o banco. Pois cancele meu sinal agora mesmo!!!!!
Retirei o modem por conta própria e, no mesmo dia, assinei o VELOX. A NET passou a me ligar, todos os meses, para cobrar as faturas seguintes. Já mandei as meninas pra porra, pra putaquepariu, pra casadocaralho, mas elas não vão. Ao contrário, continuam ligando. Mas eis que chega o terceiro capítulo.

Capitulo 3 : Tripudiando
- Senhor Djaman, o senhor já foi assinante da NET?
- INFELIZMENTE fui minha senhora.
- Infelizmente ? Por que?
- Porque seu serviço é uma porcaria. Eu cancelei essa droga em dezembro e até hoje vocês tentam tirar dinheiro de mim. Ficam me ligando todo mês dizendo que eu estou devendo, que eu devo ir não sei aonde, uma droga. Meu maior arrependimento foi um dia ter assinado NET.
- Bem senhor, é que nós estamos com uma promoção para quem já foi assinante, o senhor não paga...
- VOCÊ ESTÁ DE GOZAÇÃO COM A MINHA CARA??? Você é surda??? Não ouviu o que eu acabei de dizer??? Ainda tem coragem de me oferecer NET??? Vá procurar o que fazer!!!!

05/10/2004


Triiiiiiiiiiim


- Alô
- Por favor, eu queria falar com o Sr. Djalma.
_ Djaman. Sou eu.
- Sr. Djaman, eu sou representante da Net TV a Cabo...
(Oh, Deus, que ele esteja me oferecendo uma assinatura, por favor Senhor!)
- ... nós estamos passando por uma reestruturação e gostaríamos de convidar o sr. para ser novamente nosso associado...
(OBRIGADO MEU DEUS!!!!!)
- ... e como o sr. já foi assinante nosso, estamos oferecendo o pacote completo por apenas R$ 39,00 mensais e sem taxa de assinatura.
- Nem que fosse de graça! A dor de cabeça que eu tive com a NET me faz não querer nem contato com vocês. E se eu souber que alguém vai fazer essa assinatura em desaconselho. Eu cancelei a assinatura pq vcs cortaram o meu sinal com o boleto pago. Eu tentei por 3 (três) meses comprovar que o boleto estava pago e vocês diziam que o banco não tinha essa informação. Depois que vocês confirmaram o pagamento eu cancelei o contrato, em dezembro de 2002, mas até junho de 2003 vocês ainda me ligavam cobrando as faturas de janeiro, fevereiro, março, abril, maio, junho... A porcaria do aparelho de vocês está aqui na minha casa pq mesmo agendado nunca ninguém veio aqui buscar.
- Sr. Djaman, o sr. acredita em mudanças?
- Acredito. Se olhar na sua ficha, verá que eu fui assinante em dois períodos, o segundo foi numa dessas sua promessas de mudanças que não resolveram nada. Hoje eu não quero nada com a NET nem com qualquer empresa que eu desconfie que está ligada ao grupo NET. Vocês são a pior empresa desse país. Nem que você mude o presidente dessa porcaria, eu quero mais nada com a NET. A propósito, aproveite e mande buscar o seu aparelho.
- Muito obrigado, sr. Djaman, uma boa tarde.


sábado, 24 de março de 2018

Teu passado é tão forte, pode até machucar

Em 2017, se falou muito sobre pedofilia.

Infelizmente, não foi uma discussão sobre como tratar os pedófilos evitando que cometam crimes de abuso contra crianças.

Também não estavam preocupados com as meninas abusadas sexualmente por pais, parentes ou por redes organizadas de exploração de prostituição comandadas por políticos no Amazonas.

Tampouco se interessaram pelos meninos entregues aos padres pelas suas próprias famílias e que são abusados por uma figura de autoridade que eles sequer podem denunciar em casa.

Infelizmente, o assunto não girou sobre a indústria que gira em torno da produção e comércio de imagens pornográficas envolvendo crianças.

Não, a gritaria geral foi contra quadros. Quadros que foram acusados de pedofilia porque:
a) se vistos por crianças poderiam gerar nelas uma sexualidade precoce e
b) retratavam crianças e se vistos por pedófilos gerariam neles um desejo sexual.

Eu também resolvi falar sobre pedofilia. Não sobre o crime de estupro de vulnerável ou sobre o abuso sexual infantil. Mas sobre pedofilia e como o desejo de se relacionar com alguém de pouca idade, inexperiente sexual e emocionalmente, acaba se revelando na nossa cultura, particularmente na música.

Sim, eu sei que vocês também se incomodam com as músicas que falam das "novinhas", afinal quem são as "novinhas"? Pois bem, elas são as "meninas" e "garotas" de outrora. Ou ninguém nunca reparou essa insistência em chamar as mulheres de "garotas" nas músicas. Menina não é sinônimo de mulher. E as músicas antigas que amamos fazem muito essa referência.

Nos parece normal que um homem que tinha mais de 30 anos quando Helô Pinheiro nasceu, faça uma música ao vê-la de biquini na praia, descrevendo a beleza de seu corpo. Ok, ela já tinha 17 anos e ele não fala em fazer sexo com ela. Mas eu acho estranho. Mas temos outros exemplos nem tão aceitáveis, mas que nós nem nos importamos.

Terminada a refeição, a sala ficou vazia. A mãe foi para o andar de cima e, num passado escondido pela sala, a menininha esperava. O professor de piano chega e começa lição nova. E a menina, bonitinha, berrava alto a ponto de toda a casa ouvir: "Ai, ai, ai, tira a mão daí". E o professor retrucava: vamos acabar essa lição no sofá.

Sim, essa cena de pedofilia entre o professor e uma menina é uma música infantil, do mesmo Vinícius de Moraes, reproduzida alegremente pelas Frenéticas em um especial da Rede Globo para riso da família tradicional brasileira. 

Agora imagine que sua filha, neta ou sobrinha ouve um homem dizer: "deixa essa boneca e vem brincar de amor. Menina linda, eu te adoro. Menina pura como a flor".
Mas achamos romântica essa música e lembramos como tempos em que se faziam boas canções, não "essas baixarias que tem hoje". Se alguém quiser me convencer que a menina que tem mais de 18 anos ainda brinca de boneca, então estamos diante de estupro de vulnerável.

Compilando pedofilia com o machismo, aquele que diz que o homem é indefeso diante da atração da mulher, as músicas jogam nas meninas a culpa de seduzir o adulto.

"Nesse corpo meigo e tão pequeno
Há uma espécie de veneno
Bem gostoso de provar"

Não acredito que  Reginaldo Rossi acreditasse que as mulheres com menos de 1,60m fossem particularmente atraentes, ainda mais sabendo o que o conquistou foi o "jeito de menina e o gosto de mulher".

Mesmo quando o eu lírico é uma mulher, a música composta por um homem põe essas preciosidades em sua fala:

"Inda sou menina
Mas já sei amar
Aprendi mais cedo
Só pra te ensinar"

Ou seja, a menina não é apenas sexualizada, ela ainda sabe mais do que o moreno filho da Bahia. Só pra lembrar que Sandoval, o rapaz que ensinou a menina a beber no bar Varandá, era o dono do Tabaris, casa de show onde grandes artistas se apresentavam, e que tinha show de strip-tease e era frequentado por prostitutas também. É nesse local que se encontra a menina que, de tão pouca idade, precisa afirmas "já sei amar".

Benito di Paula, e depois Netinho, se apaixonaram por uma menina que eles carregaram no colo e cantaram pra dormir. Além da pedofilia, a menos que Benito di Paula e Netinho tenham trabalhado como babá, a insinuação do incesto é clara. Se já é difícil achar um homem que coloque o próprio filho pra dormir, quem dirá um que fique ninando o filho alheio? E onde estariam os pais dessa menina pra que outro ficasse colocando ela pra dormir? Tudo bem que, agora, a menina já "virou mulher". Esperemos que isso signifique ser maior de idade e não apenas a primeira menstruação, que era como se dizia antigamente (ficou mocinha, virou mulher).

Vou terminar com mais um de abuso. Uma menina, precisando trabalhar, atende a um anúncio. O patrão pede que ela fica até depois das 18h e faz sexo com ela, tirando-lhe a virgindade. A ingênua se apaixonou, mas o patrão lhe pagou pelo "serviço", tratando-a como prostituta. Essa música foi um sucesso na época, cantada de forma romântica.

 

Há outros exemplos menos claros e, como sei que muitos se recusarão a ver a indicação desses, nem vou citar.

Não estou dizendo que esses cantores são pedófilos, que incentivam ou apoiam a pedofilia. Estou dizendo que eles deixam passar  em suas canções que é normal o desejo pela criança, pela pessoa ingênua e pura e a sociedade aceita isso sem nem perceber. E nem estou falando de músicas altamente impróprias sendo cantadas por crianças, quer sejam profissionais, quer sejam participantes de programas de TV.

E, sim, estou de volta em 2018.







domingo, 25 de junho de 2017

Então não vamos mais brigar

No episódio de hoje, aprendemos que se você for branco, de olhos claros e "Global", vai ter um monte de gente disposta a entender os "porquês" que o levaram a cometer desatinos.

Diariamente, nas TVs, são exibidas pessoas acusadas de crimes e delitos. Essas imagens são feitas dentro das delegacias, mesmo sem a certeza de que a pessoa tenha realmente feito aquilo de que a acusam. Mas ainda assim, está lá, sem a solidariedade das pessoas da internet, sem a busca de entender os problemas que levaram aquela pessoa a praticar aquele ato, se é que praticaram.

Mas quando o ator da Globo foi exposto em um vídeo, logo choveram argumentos na internet em sua defesa. Em minha timeline, alguns que eu vi:

1 - "Eu o conheço e ele é gentil". Esse argumento é dito sobre várias pessoas que cometem delito, sem que, no entanto, as demais pessoas se comovam ou relevem o que a pessoa fez. Pepita Rodrigues, por exemplo, dizia sempre isso do filho, apesar das imagens em que ele ameaça João Gordo, ou das acusações de agressões de suas ex-namoradas. O fato de uma pessoa ser gentil com alguns, não quer dizer que ele não seja agressivo com outros. Até mulheres vítimas de relacionamentos abusivos chegam a ressaltar as virtudes dos seus agressores, imaginem.

2 - "Não se pode beber além da conta em comemoração". Pode. Você pode beber além da conta, você pode cheirar além da conta, você pode fumar, foder, correr, comer, ler, dormir, enfim, fazer o que você quiser, além da conta. Desde que você, e só você, assuma as consequências dos seus atos. O que não pode é, por querer se divertir, ser agressivo, arrogante, prepotente. Não pode procurar briga com as pessoas, não pode agredir as pessoas no hospital, não pode quebrar viatura.

3 - "Invasão de privacidade". Nada do que Fábio Assunção fez foi em local privado. A festa era na rua, depois foi em um hospital e por fim, numa viatura, na rua. Não há qualquer imagem dele na delegacia, nenhum repórter teve acesso a ele lá dentro, algemado e sem poder escapar do microfone enfiado na cara, como as pessoas que citei acima. Qualquer briga doméstica de famoso, acontecida em local privado, é logo exposta na internet, sob o julgamento de todos, mesmo sem ter visto o que aconteceu. Que o diga o cantor sertanejo Victor. Ninguém se preocupou com a privacidade dele.

4 - "Ele é dependente de drogas". Único argumento que faria algum sentido, se Fábio Assunção estivesse sob efeito de drogas, o que foi negado.

5 - "Ele é dependente de álcool". Bom, aí, já vejo que muito privam da intimidade de Fábio Assunção, já que eu não sabia disso. Mas vamos aos fatos. Essa consideração é feita quando o sujeito dirige embriagado e atropela alguém? Lógico, estou falando de uma consequência muito mais grave, mas se considerarmos que quem bebe é dependente e não teve a escolha de não beber, como parecem crer que foi o caso dele, a culpa é a mesma. E o Jeremias ("Foi o cão que botou pra nós beber")? E as estudantes de direito bêbadas? Seus vídeos viralizaram, todos riram e ninguém se preocupou em saber de seus problemas com álcool. E quando não for álcool? Será que a médica que seguiu enfurecida o motoqueiro que bateu em seu carro com o capacete e acabou causando um acidente que resultou na morte dele e da carona, não estava sob forte stress? Poderia ela estar alterada pela TPM e por isso resultou naquela reação? Ninguém quis saber disso. E vejam que a mulher foi indiciada por homicídio DOLOSO. Ou seja, assumiram que ela os matou com a intenção.

A verdade é uma só. O drama de Fábio Assunção não é maior do que o de ninguém. O fato de ele ser famoso só faz com que as pessoas exagerem dos dois lados: tanto para os que querem que ele seja enforcado em praça pública por ter cometido baderna e dano ao patrimônio público, quando aos que o consideram a vítima. Por ser gentil e simpático, muitas pessoas fecham os olhos para o fato de ele encher a cara e procurar briga em uma festa (aliás, já vi dois comentários que duvidam de que o fato aconteceu, ou seja, preferem crer que as pessoas da festa, do hospital, da polícia são mentirosas e que as imagens dos vídeos são falsas). Se ele é dependente de álcool, não me parece estar naquele estágio em que vive bêbado, já que trabalha normalmente. Nem parece ter chegado ao ponto de fugir para beber sozinho. Então, por que enquanto estava sóbrio e na companhia de amigos e da namorada, aceitou ir para uma festa em que tinha bebidas, começar a beber até chegar àquele ponto? Onde estavam esses amigos todos de Fábio Assunção, no momento do primeiro gole?

Pra mim, não há grandes fatos aí. Alguém que encheu a cara e procura briga com todo mundo, destratando as pessoas. Que os amigos sejam solidários com sua situação é mais do que esperado, prova que são amigos. Mas sejam honestos. Não venham com argumentos humanitários que não são usados para outros. Digam simplesmente: gente, não compartilhem isso aqui, porque o cara é meu amigo, eu gosto dele e estou sentindo por ele. Pronto.

sexta-feira, 5 de maio de 2017

O vento que venta aqui

A ex de Marcelo Freixo o acusou de machismo.

Entre o feminismo e a esquerda, como ficam as feministas?
Caladas. Ruidosa e significativamente caladas.

As acusações da mulher de Freixo não possuem qualquer consistência. Ela diz que foi " caluniada, supostamente, por ele e seus companheiros de partido, o clã dos esquerdo-machos".

Notaram as aspas? O "supostamente" está no texto atribuído a ela (o original já foi apagado).

Mas por muito menos que isso, sem qualquer análise, sem qualquer crítica, mulheres reproduzem acusações feitas por outras mulheres e rotulam os homens acusados de roubarem filhos, violentarem, assediarem, etc.

Não que essas coisas não ocorram, é muito, mas a falsa denúncia também ocorre. E ninguém está disposto a ouvir o outro lado, esperar defesa, apuração.

Mas agora, como é um defensor dos Direitos Humanos, defensor de mulheres, negros e homossexuais que inclusive respeita seus preciosos lugares de fala, não se vê comentário (a não ser dos imbecis de direita de costume) sobre o caso. Nem para defender, já que isso implicaria em admitir que é possível que, quem sabe, talvez, (ó heresia), exista uma mulher no mundo que acuse um homem injustamente por motivos sentimentais.

Que PI é essa?

Salvador sempre teve um público cativo de teatro que lota salas. Pelo menos, se estivermos falando de peças com atores globais. Não importa...